quarta-feira, 29 de abril de 2015

As palavras. Batista Bastos

O destino deles.

Quanto a Pedro Passos Coelho, o seu destino está traçado.
Só uma vitória o salvaria da cadafalso.

Á anos que o P.S. não fáz outra coisa senão rasgar os testamentos legados pelo antifascismo de muitos dos seus militantes

A não perder no C.M.


O Sortilégio das Máscaras.


Se o sortilégio tem vários malefícios, que dizer das máscaras dos que fingem o que não sentem? Julgo que tem no umbigo (calculo) o seu primeiro inimigo, incapaz de tornear as emoções e a racionalidade dos seus efeitos? Os mascarados tem um sorriso próprio e intuitivo e eu sei (será que sei’) que não é tarefa fácil, cuidar-se das suas regras empreendedoras e do entendimento que os levem a um ajustado e   respeitoso contraditório.  Estou  a pensar que nestas atitudes  de julgar os outros, existe um modelo eficaz e que resulta sempre. Ou seja. Pisar a cólera que muitas vezes se aproxima do ódio. ficando distante das pessoas reais que desejamos mostrar aos outros, quantas vezes perdendo a noção da dignidade. Talvez  por ai o caminho não seja tão penoso, direi mesmo, a certeza e a semente de crescermos como pessoas, discordando e assumindo o  caráter das nossas diferenças,  e não entrando aqui nenhum tipo de fingimento. Mas a razão de cada qual e mostrando a verdadeira máscara do que somos como pessoas e sem o sortilégio da falta de transparência, mas sim o forte sentido de sermos fieis aos nossos princípios de pessoas felizes, inclusive, nas nossas diferenças humanas e frágeis
As máscaras são uma terrível armadilha para quem faz delas, a suprema noção de que num raio  de quilómetros, ninguém como os mascarados terá um minimo de suspiro e uma ténue esperança de se salvar no quotidiano das suas razões, quando se sabe que os outros também as tem. .Os mascarados tem um rol de personalidades, desdobradas e batidas por invulgares certezas,provenientes do seu ardiloso umbigo, mudando com facilidade de estrategia com as suas inseparáveis máscaras de sorrisos enganadores.
Esta grandissíma confusão, não por mim que gosto de receber e dar razões, fazem-me recordar as carpideiras!. Choram fragmentadas em penosas lamurias, revestidas por representativas máscaras de dor que não existe. Sim: O Ser, o vosso e o meu, deve expor-se sempre na nudez das nossas  realidades, reduzindo a pó o sortilégio das malditas máscaras, distorcidas com as suas maquinações de mostrarem o que não é o verdadeiro SER.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Olá Manel (Porto ) Aquele abraço e até ao dia 31 de Maio, no Casino da Figueira da Foz


3 h · 

Profissionais da Figueira da Foz,

Foram estes profissionais que o ano passado representaram a Figueira no festival no Casino. Para 31 de Maio 2015,, teremos aqui brevemente os 5 representantes da cidade, já inscritos e que vão iniciar a segunda parte do certame, pelas 14horas, naquela data..
Se queres participar e viver um dia altamente profissional com colegas do país, telefona-me 936589866

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O sortudo do cão do Capitão Grilo


 Antônio Beleza da Silva, 84 anos de idade, recordou-nos sentado na cadeira do barbeiro-cabeleireiro, uma vida de escravatura na pesca do bacalhau, nas décadas de 40-50-60- onde o cão do Capitão Grilo, era melhor tratado do que os pescadores que se aventuravam no mar imenso para ganhar em 6 meses 1.300 escudos
.
Beleza da Silva, apesar da idade, recordou como se fosse ontem a dureza de todos os camaradas, que se alimentavam de feijão frade e bacalhau,” tendo rancho melhorado” ás quintas feiras, feito de carne salgada, em barricas provenientes da Argentina.
A conversa com este valente homem do mar, se eu tivesse talento,poderia escrever uma historia de bravura dos 57 pescadores, 12 moços, 3 cozinheiros e 2 ajudantes, tem no sortudo cão do Capitão Grilo, ( apesar de reconhecer que os animais devem ser bem tratados ) um contraste chocante como era tratado pelo capitão Grilo, ignorando a dureza dos seus homens, vergados a um silencio aterrador..
Banho duas vezes por semana, refeições cuidadas e um berço feito de madeira, onde o animal, repousava das suas diárias fadigas, fazia dos sacrificados trabalhadores as suas conversas em surdina, pois havia sempre um bufo que de lápis na mão e um papel,fazia a "cama " aos que refilassem.
Um dia e quando um ajudante de cozinha se preparava para levar o alimento ao cão,
Beleza da Silva, tal com outros o fizeram, roubaram a comida  do animal, tal eram as necessidades destes heróicos homens com vidas de grande sofrimento.
Conversar com Beleza da Silva, foi de parar  a respiração, entre muitas brutalidades, como aquelas dos que protestavam, já sabiam que chegados a terra, seriam logo presos, como aconteceu com camaradas seus. Beleza da Silva,  não foi preso mas foi proibido de trabalhar durante  um ano, devido á sua contestação.
Neste quadro de recordações do nosso homem, não faltou Tenreiro, Salazar e o seu amigo Cerejeira, que fizeram o que quiseram das nossas vidas, acrescentou este bravo pescador do imenso mar.
Porem, a vida” luxuosa do cão “ não ficou por aqui.O proprietário da empresa, ao ter conhecimento das diferenças de tratamento entre o animal e os pescadores,  proibiu cães  nas viagens á pesca do bacalhau, no dizer do nosso excelente conversador

Olá dr Dina Melo. Salazar odiava cravos.Passos, para fingir sentimentos que não tem, surgiu com um ao peito !!!


SALAZAR vs PASSOS COELHO.... desc

A não perder em Montemor-o-Velho


E no dia 2 de Maio, pelas 

Os adeptos e os cães.


Não se trata de pretender endireitar o mundo, ou debitar a pretensiosa moralice de que eu é que sou
o bom da bola, não, nada disso.Venho de outro tempo em que ir aos estádios em Lisboa, era uma festa, agora choca-me que os adeptos sejam guardados por cães, como desordeiros que acaba por se verificar com os adeptos do Porto ( a foto) Benfica, Sporting ,enfim a liberdade fez muito mal a esta gente que devia ser proibida de chatear os outros.

domingo, 26 de abril de 2015

Ninguém pode ser feliz odiando,quantas vezes carregando com graves faltas e difamações.O casal capinha mostra a sua felicidade.

O casal Capinha são uma referência em Montemor.

Fernando Capinha (Idanha ) Isabel Capinha,Figueira da Foz ) até aqui nada de especial, mas a invulgar idade deste casal, a fazer inveja muitos montemorenses engravatados e que só sabem criticar, é que não sendo de Montemor, ambos tem um larguessímo serviço de apoio ás colectividades locais.
Bombeiros, Atlético, Citec, Casa do Benfica, eles estão onde é necessário trabalhar nas causas associativas e desportivas
Lá estavam  na casa do Benfica e na festa de Abril, no Teatro Esther de Carvalho, lotado e onde ninguém teve vergonha de levantar o cravo, cantando como sabia as poesias de Zeca Afonso
Aqui fica o meu reconhecimento.ao labor do casal Capinha

Cantou-se Zeca Afonso e Abril em Montemor-o-Velho

Voltaremos com o texto da grande festa da liberdade, apesar dos que a querem negar!!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Não é actor quem quer

Ana Roxo, na fotografia, nasceu com vocação para o teatro, partilhando comigo muitos ensaios
no Mocidade Covense, só que estas artes da natureza, não me aconteceram em sorte, daí o meu abandono com alguma mágoa, depois de verificar que a paciência do mestre Francisco Sanchez, tinha os seus limites.
Um grupo generoso que me marcou pela sua paixão a uma causa popular, de gosto meu ao longo de uma vida, mas que nesta arte representativa, me deixou de rastos pela minha falta de capacidade em decorar o Tio Simplício, de Almeida Garrett.
Gestos, linguagem, alguma interioridade, mais ou menos, agora assumir na mioleira um papel longo e interventivo, foi de rastos e triste que deixei este magnifico grupo de pessoas, esperando continuar a seguir o seu projecto e quem sabe voltar com um personagem mais de acordo com as minhas dificuldades.
A todos as minhas sentidas desculpas, esperando no Noticias da Sua Terra, poder abordar o tema com outros pormenores, apoiando no que estivar ao meu alcance esta gente que não merecia esta "traição"
mas não é actor quem quer, mas sim quem pode e eu confesso que não podia mais com tanta incapacidade representativa.

Alexandra. Outro trabalho para o Festival dos cabeleireiros


Dia 2 de Maio 2015. Festa da Sopa da Pedra,Clube Desportivo Maritimo Freguesia de São Pedro


O Rafael, mandou-me calar!!


Não se trata de perseguições ou coisa que o valha. O que eu cuido neste bater são as minhas convicções sobre a liberdade e o respeito pelas cidadanias, o que levará os meus opositores, a perguntarem-me? Onde está a liberdade e o crescimento econômico das milhares de famílias, sugadas por uns tantos demônios que negaram o espirito de Abril?
Sem duvida. Fomos enganados por estes falsos democratas, mas ninguém me obriga a votar neles e se o povo continua cego e não procura alternativas, não deve queixar-se. Se tem na sua mão um bocado de papel e continua no apoio a este tenebroso  sistema do socialismo democrático, então é porque gosta de levar no corpo!!
Eu não: Sinto por enquanto o sublime espírito de Abril, de votar livremente e de não ser silenciado em qualquer rua ou bairro, como me aconteceu com o meu guia Rafael, quando com ele procurava o seu amigo para lhe comprar charutos, mas a dado momento numa rua, mandou-me calar, porque dois indivíduos conversavam juntos e não deviam ouvir os seus desabafos que me fazia sobre o regime, numa zona proibida a contestatários, como era sem duvida o seu caso,silenciado e medroso dos bufos que conhecia no seu bairro.
Por isso esta noticia é para ser publicada sem o perigo de ser perseguido, se infelizmente é o que me  resta num grito profundo, Viva a minha liberdade, viva o 25 de Abril
Já agora e com o respeito dos que não pensam como eu , aqui fica este triste noticioso.
(Pela primeira vez  candidatos opostos ao regime cubano  .puderam participar em Eleições Municipais )
Um abraço e não se esqueçam de festejar Abril.Apesar dos muitos parasitas da democracia, há que
"cortar-lhes  a barba," apenas com um livre gesto numa urna, já se sabe qual é.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Salão Xana. Alexandra, prepara-se para o Festival no dia 31 de Maio 2015 com este belo trabalho


O Ola John, festejou golos ?

A derrota do Porto, levou o jogador a festejar  os golos, mas o rapaz tem desculpa, pois não conhece a nossa escola portuguesa, ou seja...Não rias de quem chora. Quem sabe se no domingo, não apanhas nas fuças o contrário da tua desmedida euforia?

O Rafael, um dos meus guias mandou-me calar!!

A proposito de uma noticia publicada no C.M. sobre eleições livres, e sem pretender ser cínico para ninguém, pois o que desejo é a verdade dos factos, vou trazer-vos o Rafael e o seu aviso, quando os dois,entrámos num bairro controlado pelo sistema, admirado e festejado por muitos portugueses, menos por mim, se tenho já no meu país, uns bandos de sacanas que não mereciam a democracia de Abril.

terça-feira, 21 de abril de 2015

O Melro, um poema admirável de Guerra Junqueiro


O melro

          O melro, eu conheci-o:
Era negro, vibrante, luzidio,
          Madrugador, jovial;
          Logo de manhã cedo
Começava a soltar, dentre o arvoredo,
Verdadeiras risadas de cristal.
E assim que o padre-cura abria a porta
          Que dá para o passal,
Repicando umas finas ironias,
          O melro; dentre a horta,
          Dizia-lhe: "Bons dias!"
          E o velho padre-cura
não gostava daquelas cortesias.


O cura era um velhote conservado,
Malicioso, alegre, prazenteiro;
Não tinha pombas brancas no telhado,
          Nem rosas no canteiro:
Andava às lebres pelo monte, a pé,
          Livre de reumatismos,
Graças a Deus, e graças a Noé.
O melro desprezava os exorcismos
          Que o padre lhe dizia:
Cantava, assobiava alegremente;
          Até que ultimamente
          O velho disse um dia:


"Nada, já não tem jeito!, este ladrão
          Dá cabo dos trigais!
          Qual seria a razão
Por que Deus fez os melros e os pardais?!"


          E o melro entretanto,
          Honesto como um santo,
          Mal vinha no oriente
          A madrugada clara,
Já ele andava jovial, inquieto,
Comendo alegremente, honradamente,
Todos os parasitas da seara
Desde a formiga ao mais pequeno insecto.
E apesar disto, o rude proletário,
          O bom trabalhador,
Nunca exigiu aumento de salário.


Que grande tolo o padre confessor!


          Foi para a eira o trigo;
          E, armando uns espantalhos,
          Disse o abade consigo:
"Acabaram-se as penas e os trabalhos."
Mas logo de manhã, maldito espanto!
          O abade, inda na cama,
Ouvindo do melro o costumado canto,
          Ficou ardendo em chama;
          Pega na caçadeira,
          Levanta-se dum salto,
E vê o melro, a assobiar, na eira,
Em cima do seu velho chapéu alto!


          Chegou a coisa a termo
Que o bom do padre-cura andava enfermo;
          Não falava nem ria,
Minado por tão íntimo desgosto;
E o vermelho oleoso do seu rosto
Tornava-se amarelo dia a dia.
E foi tal a paixão, a desventura
(Muito embora o leitor não me acredite),
          Que o bom do padre-cura
          Perdera  o apetite!


Andando no quintal, um certo dia,
Lendo em voz alta o Velho Testamento,
Enxergou por acaso (que alegria!,
          Que ditoso momento!)
Um ninho com seis melros, escondido
          Entre uma carvalheira.


E ao vê-los exclamou enfurecido:


"A mãe comeu o fruto proibido;
Esse fruto era minha sementeira:
          Era o pão, e era o milho;
          Transmitiu-se o pecado.
E, se a mãe não pagou, que pague o filho.
É doutrina da Igreja. Estou vingado!"


E, engaiolando os pobres passaritos,
          Soltava exclamações:
          "É uma praga. Malditos!
Dão me cabo de tudo esses ladrões!
Raios os partam! Andai lá que enfim"


E deixando a gaiola pendurada,
Continuou a ler o seu latim,
          Fungando uma pitada.


Vinha tombando a noite silenciosa;
E caía por sobre a natureza
Uma serena paz religiosa,
          Uma bela tristeza
Harmónica, viril, indefinida.
          A luz crepuscular
Infiltra-nos na alma dorida
Um misticismo heróico e salutar.
As árvores, de luz inda douradas,
Sobre os montes longínquos, solitários,
Tinham tomado as formas rendilhadas
          Das plantas dos herbários.
Recolhiam-se a casa os lavradores.
Dormiam virginais as coisas mansas:
          Os rebanhos e as flores,
          As aves e as crianças.


Ia subindo a escada o velho abade;
A sua negra, atlética figura,
Destacava na frouxa claridade,
          Como uma nódoa escura.
E, introduzindo a chave no portal,
          Murmurou entre dentes:


          "Tal e qual tal e qual!
Guisados com arroz são excelentes."


          * * * * * *
         
Nasceu a Lua. As folhas dos arbustos
Tinham o brilho meigo, aveludado,
Do sorriso dos mártires, dos justos.
Um eflúvio dormente e perfumado
Embebedava as seivas luxuriantes.
Todas as forças vivas da matéria
Murmuravam diálogos gigantes
          Pela amplidão etérea.
São precisos silêncios virginais,
Disposições simpáticas, nervosas,
Para ouvir falar estas falas silenciosas
          Dos mundos vegetais.
As orvalhadas, frescas espessuras,
Pressentiam-se quase a germinar.
Desmaiavam-se as cândidas verduras
Nos magnetismos brancos do luar.
..................................................
..................................................


E nisto o melro foi direito ao ninho.
Para o agasalhar, andou buscando
Umas penugens doces como arminho,
Um feltrozito acetinado e brando.
          Chegou lá, e viu tudo.
Partiu como uma frecha; e, louco e mudo,
Correu por todo o matagal; em vão!
Mas eis que solta de repente um grito
Indo encontrar os filhos na prisão.


"Quem vos meteu aqui?!" O mais velho,
Todo tremente, murmurou então:


"Foi aquele homem negro. Quando veio,
Chamei, chamei Andavas tu na horta
Ai que susto, que susto!, ele é tão feio!
Tive-lhe tanto medo! Abre esta porta
E esconde-nos debaixo da tua asa!
Olha, já vão florindo as açucenas;
Vamos a construir a nossa casa
          Num bonito lugar
Ai! quem me dera, minha mãe, ter penas
          Para voar, voar!"


          E o melro alucinado
          Clamou:


                         "Senhor! senhor!
É porventura crime ou é pecado
          Que eu tenha muito amor
          A estes inocentes?!
Ó natureza, ó Deus, como consentes
Que me roubem assim os meus filhinhos,
          Os filhos que eu criei!
Quanta dor, quanto amor, quantos carinhos,
          Quanta noite perdida
          Nem eu sei...
          E tudo, tudo em vão!
          Filhos da minha vida
          Filhos do coração!!!
Não bastaria a natureza inteira,
Não bastaria o Céu par voardes,
E prendem-vos assim desta maneira!
          Covardes!
A luz, a luz, o movimento insano,
Eis o aguilhão, a fé que nos abrasa
          Encarcerar a asa
É encarcerar o pensamento humano.
A culpa tive-a eu! Quase à noitinha
          Parti, deixei-os sós
A culpa tive-a eu, a culpa é minha,
          De mais ninguém! Que atroz!
          E eu devia sabê-lo!
Eu tinha obrigação de adivinhar
Remorso eterno! eterno pesadelo!
.................................................


Falta-me a luz e o ar! Oh, quem me dera
          Ser abutre ou fera
Para partir o cárcere maldito!
E como a noite é límpida e formosa!
          Nem um ai, nem um grito
Que noite triste!, oh, noite silenciosa!"


E a natureza fresca, omnipotente,
          Sorria castamente
Com o sorriso alegre dos heróis.
          Nas sebes orvalhadas,
Entre folhas luzentes como espadas,
          Cantavam rouxinóis.


          Os vegetais felizes
Mergulhavam as sôfregas raízes
A procurar na terra as seivas boas,
Com a avidez e as raivas tenebrosas
Das pequeninas feras vigorosas
Sugando à noite os peitos das leoas.
A lua triste, a Lua merencória,
          Desdémona marmórea,
Rolava pelo azul da imensidade,
Imersa numa luz serena e fria,
          Branca como a harmonia,
          Pura como a verdade.
E entre a luz do luar e os sons das flores,
Na atonia cruel das grandes dores,
          O melro solitário
Jazia inerte, exânime, sereno,
Bem como outrora o Nazareno
          Na noite do calvário!


Segundo o seu costume habitual,
          Logo de madrugada
O padre-cura foi para o quintal,
Levando a Bíblia e sobraçando a enxada.
          Antes de dizer missa,
O velho abade inevitavelmente
          Tratava da hortaliça
E rezava a Deus-Padre Omnipotente
          Vários trechos latinos,
Salvando desta forma, juntamente,
As ervilhas, as almas e os pepinos.


E já de longe ia bradando:


                                 "Olé!
          Dormiram bem? Estimo
          Eu lhes darei o mimo,
Canalha vil, grandíssima ralé!
Então vocês, seus almas do Diabo,
Julgam que isto que era só dar cabo
          Da horta e do pomar,
E o bico alegre e estômago contente,
E o camelo do cura que se aguente,
Que engrole o seu latim e vá bugiar!
Grandes larápios! Era o que faltava
          Vocês irem ao milho,
          E a mim mandar-me à fava!
Pois muito bem, agora que vos pilho
Eu vos ensinarei, meus safardanas!
Vocês são mariolões, são ratazanas,
Têm bico, é certo, mas não têm tonsura
E, nas manhas, um melro nunca chega
Às manhas naturais de um padre-cura.
O melhor vinho que encontrar na adega
É para hoje, olé! Que bambochata!
Que petisqueira! Melros com chouriço!
          E então a Fortunata
Que tem um dedo e jeito para isso!
Hei-de comer-vos todos um a um,
Lambendo os beiços, com tal gana enfim,
Que comendo-vos todos, mesmo assim
Eu fico ainda quase em jejum!
E depois de vos ter dentro da pança,
          Depois de vos jantar,
Vocês verão como o velhote dança,
Como ele é melro e sabe assobiar!"


Mas nisto o padre-cura, titubeante,
          Quase desfalecendo,
Atónito de horror, parou diante
          Deste drama estupendo:


O melro, ao ver aproximar o abade,
          Despertou da atonia,
Lançando-se furioso contra a grade
          Do cárcere. Torcia,
Para os partir os ferros da prisão,
Crispando as unhas convulsivamente
          Com a fúria dum leão.
Batalha inútil, desespero ardente!
Quebrou as garras, depenou as asas
          E alucinado, exangue,
          Os olhos como brasas,
Herói febril, a gotejar em sangue,
Partiu num voo arrebatado e louco,
          Trazendo, dentro em pouco,
Preso do bico, um ramo de veneno.
E belo e grande e trágico e sereno,
Disse:
          "Meus filhos, a existência é boa
Só quando é livre. A liberdade é a lei,
Prende-se a asa mas a alma voa
Ó filhos, voemos pelo azul! Comei!" -


E mais sublime do que Cristo, quando
Morreu na Cruz, maior do que Catão,
Matou os quatro filhos, trespassando
Quatro vezes o próprio coração!
Soltou, fitando o abade, uma pungente
Gargalhada de lágrima, de dor,
E partiu pelo espaço heroicamente,
Indo cair, já morto, de repente
Num carcavão com silveiras em flor.


E o velho abade, lívido d'espanto,
          Exclamou afinal:
"Tudo o que existe é imaculado e é santo!
Há em toda a miséria o mesmo pranto
E em todo o coração há um grito igual.
Deus semeou d'almas o universo todo.
Tudo que o vive ri e canta e chora
Tudo foi feito com o mesmo lodo,
Purificado com a mesma aurora.
Ó mistério sagrado da existência,
          Só hoje te adivinho,
Ao ver que a alma tem a mesma essência,
Pela dor, pelo amor, pela inocência,
Quer guarde um berço, quer proteja um ninho!
Só hoje sei que em toda a criatura,
Desde a mais bela até à mais impura,
Ou numa pomba ou numa fera brava,
Deus habita, Deus sonha, Deus murmura!
............................................................
Ah, Deus é bem maior do que eu julgava"


E quedou silencioso. O velho mundo,
Das suas crenças antigas, num momento,
Viu-o sumir exausto, moribundo,
          Nos abismos sem fundo
Do temeroso mar do Pensamento.
E chorou e chorou A Igreja, a Crença,
Rude montanha, pavorosa, escura,
Que enchia o globo com a sombra imensa
Dos seus setenta séculos d'altura;
O Himalaia de dogmas triunfantes,
Mais eternos que o bronze e que o granito,
Onde aos profetas Deus falava dantes,
Entre raios e nuvens trovejantes,
Lá dos confins sidérios do infinito;
Esse colosso enorme, em dois instantes
Viu-o tremer, fender-se e desabar
          Numa ruína espantosa,
Só de tocar-lhe a asa vaporosa
Duma avezinha trémula, a expirar!
.................................................
.................................................
E, arremessando a Bíblia, o velho abade
Murmurou:
                "Há mais fé e há mais verdade,
          Há mais Deus concerteza
Nos cardos secos dum rochedo nu
Que nessa Bíblia antiga Ó Natureza,
A única Bíblia verdadeira és tu!..."

Guerra Junqu

O Melro naquelas arvores

Durante as madrugadas, tenho-o como companheiro das insónias, mas hoje fui á varanda ouvir
o seu cintilante canto, já conhecido de  alguns visinhos, com os quais tenho conversado, sobre esta
ave que  não dorme e espalha a alegria da sua natureza nas madrugadas.


segunda-feira, 20 de abril de 2015

domingo, 19 de abril de 2015

Olha camarada Rogério, os invejosos que tomem banho.O meu respeito pela tua livre comunicação.


MARCHA DO VAPOR GALARDOADO NA GALA DA FIGUEIRA TV COMO BLOG DO ANO


Marcha do Vapor recebeu ontem no de

Ó natureza que me ajudas a ter esperança . Esta manhã na Figueira da Foz.



Fotografia com 54 anos!!

Em memória dos  montemorenses que já partiram.(5) entre os 12  presentes na fotografia, a nossa homenagem.
O ultimo da direita. O Nelson Carvalho, ainda hoje recordado na Freguesia de São  Pedro.
A ultima noticia foi publicada no Figueira Spor, umas linhas que eu trazia de Montemor para o Jornal do Sr Anibal de Matos, citando a inauguração do Campo das Lages.
A Jovem Rosa Maria, actual esposa de Alves Barbosa, deu o pontapé de saída na inauguração do Campo das Lages.
No facebook., os montemorenses, recordam memórias com estas fotografias inseridas no Livro do Atlético Montemorense. Ao Nuno serrano, em Maputo, aquele abraço, igualmente para os  que vivem
entre nós

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Ganhar a vida com o prazer de cortar cabelos.




As raízes da nossa profissão. Grato colega Joaquim Pinto


14 de abril de 2015

Museu do Barbeiro e Cabeleireiro foi visitado pelo Pelouro da Cultura da C. M. L.

 

Foi uma honrosa visita ao museu ontem dia 13/04/2015 pelas 15HOO, e que foi muito importante a Câmara trazer 15 pessoas para visitar, onde muito apreciaram ao recordarem as pessas que algumas já conheceram, quando na juventude, e outras nunca tinham visto.

Fico muito surpreendido pelo interesse que a câmara de Lisboa teve e que apontaram todos os pormenores com que se ia fazendo a discrição das peças, e contando a historia dos barbeiros e cabeleireiros, e da forma como se foi coleccionando tão importaste e interessante colecção que é digna de visitar

terça-feira, 14 de abril de 2015

DEVE-LER-SE. OLHE QUE SIM , OLHE QUE SIM. Quanto à opinião do sr Jerónimo de Sousa

Alguns montemorenses já partiram.

Recordamos antes do mais, os que partiram e que honraram o emblema do Montemorense. Já lá vão 40 anos!
Aos montemorenses a viver pelo país, também por estas nossas terras da região, a minha homenagem aos campeões Distritais.  .Beja, Aveiro, Macedo de Cavaleiros, Caldas, Lisboa, Coimbra,depois no facebook, a total solidariedade entre montemorenses com boas memórias, e que não tem hábito de abrir este espaço de comunicação.

Este P.S, nem é carne nem é peixe. Mais parece um caranguejo moído Jerónimo de Sousa

Olhe que sim, olhe que sim...São lapas,( não estão pegadas ás rochas) mas a tachos e mordomias, são como os falsos amigos, é só teorias da treta, estes socialistas democráticos.  Coitadinhos!!! Sofrem muito com a fome dos pobrezinhos.
Por outro lado, meu caro Sr Jerônimo de Sousa, vou morrer sem saber o que fazia o vosso partido no poder.Teríamos um governo que tirava os subsídios aos trabalhadores? Como funcionavam os sindicatos? Olhe que eu sou  a favor destes valores sociais dos trabalhadores, livremente dignos do seu destino, quer sejam trabalhadores ou não..
Olhe que eu não vivo de teorias, mas dos efeitos da sua prática, e sabe porquê?
Fui patrão trabalhador.Eu a minha mulher. No  acerto de contas com as nossas colaboradoras, muitas delas ainda nos estimam, foram sempre aconselhadas a consultar o sindicato ou o tribunal de trabalho, daí já não mudar este meu respeito pelo trabalho dos outros.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Vem ai o Festival no Casino da Figueira da Foz.31 de Maio 2015




Paulo com abertura de tom,na primeira fotografia depois em duas fotografias, o Fábio, e por fim de novo Paulo.aceitando propostas de renovação nos seus cortes.