segunda-feira, 14 de agosto de 2017
O respeito pelas memórias. Recordando a Rua da Bica, conhecida por esta citação em Lisboa, trago-vos essa época ) a partir de 1960.O meu aposento naquela rua foi já descrito nas minhas memórias, mas é a partir daí , uma vez que levava comigo os condicionalismos sociais do Casal Novo do Rio(Barca) com alguns anos de permanência na Figueira da Foz, que se agita em mim as contestações sociais no Rossio e nos Restauradores. Assumindo a minha profissão de cabeleireiro de senhoras, na Rua Nova do Almada, no famoso Casimiro, com mais 12 colegas, é nesse mundo profissional da alta sociedade, que se acentua a minha identidade do povo.Artistas, como Amália Rodrigues, Maria de Lurdes Resende, escritoras, cuja linguagem e modos profissionais se alteraram completamente no meu comportamento, habituado a lidar com o sector masculino Um dado dos meus apertos, é certo, mas é da rua da Bica e da sinistra PIDE, que vos quero escrever. Seria ofensivo à memória dos que sofreram perseguições e morte, se viesse vitimizar-me, não, não. O Costa Alves e o irmão, meus conhecidos na Barca, trabalhavam e estudavam em Lisboa, já politizados contra o regime. Face ás minhas inquietações sociais, vivendo agora numa sociedade que não era a minha, se recordo os discursos de Salazar, que me reduziam ao medo, não foi difícil com aqueles camaradas e amigos do peito, recorrer ás manifestações nos Restauradores e no Rossio, abortadas em loucas correrias, pelas brutais cargas policiais, parecendo ainda hoje ouvir o bater das patas dos cavalos, nos meus ouvidos Numa dessas manifestações, perdendo os meus camaradas de vista, só parei na Rua da Bica, enfiado no meu humilde sitio para dormir, mergulhado num medo estranho que leva hoje e sempre a repudiar as prisões politicas, cujo crime é pensar e fazer oposição ao poder discricionário de uns tantos loucos Por fim a minha cobardia, até hoje angustiada e sem perdão.Dias depois, encontrei o Costa Alves Como está o teu irmão? Foi preso, está em Caxias , não conseguiu fugir como nós. Vais a Caxias? nem penses, respondeu-me, Nem eu vou, disse~lhe na minha total cobardia feita de medo de ser preso Pergunto?...,Roubamos? Fomos criminosos? Eis o que os livres homens deste pais devem erguer a sua voz, não se isolando na cumplicidade do silêncio, como muitos camaradas fazem calando,Temos uma Constituição, que nos livra destes criminosos, porque as ruas são minhas e do povo
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