A poucas horas do velho ano partir sem destino para milhares de portugueses, porque não lhes deixou boas recordações ( nem disso se pode falar).Tenho na minha frente as televisões do meu contentamento no que falta do velho ano a despedir-se. Se não sou de invejas, antes pelo contrário, gosto das pessoas felizes nesta noite entre a festa e a bebedeira do esquecimento. O país vive hoje nas suas estrelas e dos momentos que passam a poucas horas do velho ano ser esquecido. Só para alguns esta triunfante alegria,( ainda bem) enquanto a tua ingenuidade ( caro Marcos) vai com ela em apoteose, e não percebes o resto do nosso drama e a justiça da greve dos trabalhadores que vivem das lixeiras, em Lisboa.
De norte a sul os hotéis estão lotados. Multidões vão festejar a passagem do velho para o novo ano, enquanto o Marcos, vindo de outras crises e outros medos, não dá valor ao drama dos trabalhadores em Viana do Castelo, aos homens que se levantam das suas camas de madrugada para limpar a merda que os outros fazem, enquanto o poder cinico festeja as suas alegrias em hotéis de luxo e que se lixem os que vivem no meio da porcaria, ganhando honradamente o pão que o diabo não quis comer. A liberdade em fazer greve é um grito de dignidade humana, contra o poder desumano,( tens que aprender este novo caracter do meu povo e no meu país) Protesto aquele que é desconhecido na tua Pátria, já que a palavra greve não existe para contestar salários de miséria, eu sei o teu pensar. O poder de Estado que o Marcos conhece(tal como cá) é um monstro de insensibilidade, comendo bem e dormindo em paz com a sua consciência, mas por cá foi o povo que cavou a sua sepultura e deve" enterrar os seus inimigos", no sentido livre do termo, votando...Civicamente, eu sei, não tinhas alternativas, daí procurares esta democracia, mas toma cuidado com os tubarões neste teu Hotel de 5 Estrelas, iguais aqueles que tu conheces no teu paísNão, Marcos. Eu sei de onde vens e percebo a tua ilusão de perceberes o meu pais que no teu entender não tem crise e o consideras um paraiso! Não sinto o meu país como tu o conheces no teu bem estar em Almada, comendo a carne que não tinhas em Matanzas. Percebo a tua alegria que está longe de ser a minha em noite velha e cruel para tantos portugueses, mas festejada por multidões felizes e que bem me sinto por tal facto, mas o país real não é este meu caro Marcos, temos outro o que faz doer a alma e que tu não podes compreender, eu sei...
Se por cá ficares, nunca esqueças de onde vens, mesmo que vivas num Hotel, e não tenhas crise na tua vida. Eu sei que tens boa memória.
Meu Amigo
ResponderExcluirLi no Diário das Beiras, com extrema atenção e porque não emoção, as tuas palavras, que de uma forma simples mas sentida, descrevem o país em que vivemos e que tivemos nas mãos a possibilidade de o tornar num país de sonho no sonho de muitos de nós e que por razões varias muitas delas ignoradas retiramos a possibilidade de deixar-mos prós nossos netos esse sonho de país. Pode ser que eles não nos culpem e que tenham a força para transformarem para eles o pesadelo que encontram, no sonho que nós tivemos. Um abraço e parabens pelo hotel que sem telhado mostra as estrelas.