terça-feira, 31 de março de 2015

Recordei o taxista António, na viagem a São Francisco de Paula.



A emigração dos portugueses, face a este caos social, em milhares de familias, os barcos aqui mostrados, sobre a emigração dos cubanos,(só falo nisto porque teimam em lançar-me poeira para os meus olhos, porque a politica não domina a minha consciência civica  ) tudo isto recordei com a face humana dos graves problemas sociais, identificados por cá e por lá. Sejamos honestos e sensiveis aos dramas dos outros. Preto, branco, religiões, politica, não vou por aí, vou sim por via da  dignidade social e humana e da sua condição livre e em toda a sua função. Façamos frente aos exploradores, onde quer que estejam no poder politico e económico, porque é do povo que trabalha por salários, que se trata este meu grito de contestação e no plano da igualdade que nunca vai existir.
Depois de conversarmos sobre o preço da viagem a São  Francisco de Paula, o taxista Antonio, conduziu-me uns 20 quilómetros, até aquela localidade, onde se situa o Museu de Ernest Hemimguay, uma enorme quinta, confiscada ao escritor pelo seu amigo Fidel de Castro. Outra vez este tema, pois claro. Então já não temos pobreza aos montes, exploradores que negaram o espirito de Abril, é necessário copiar sistemas sociais ainda piores do que nosso, então vamos a esta peça , tão verdadeira, como desejo a minha saúde e dos meus familiares.
Ès brasileiro? Perguntou-me o António: Não, sou português e chamo-me Olímpio, estou no Vedado, uma semana.
Combati em Angola, morreram 2 mil cubanos, disse-me. Os portugueses deixaram Angola. Sim, uma guerra estupida, respondi-lhe.
O que eu queria era falar do seu trabalho e do taxi, dos direitos e deveres do cidadão António, enfim, a sua qualidade de vida, percebem? Pretendia saber coisas do Estado Patrão e fazer comparações sociais e de trabalho, com os nossos taxistas, tão simples como isso, Viajar é aprender e viver os nossos sentimentos com os outros iguais, traçar conteúdos e experiências com absolutas vivências na hipótese da ilusória igualdade futilmente cantada!.
O taxi é tua propiedade, António?
Não: O taxi é do Estado. Pago a manutenção do carro e ainda uma taxa ao governo, o que restar é o meu salario para sustentar a família, enquanto eu olhava para os lados e reparava na pobreza das habitações.
É um trabalho muito mal pago, António. Dizendo-lhe que era uma exploração e o taxista respondeu-me. È  o que tenho e não há mais nada, entre outras lamentações.
O António foi de uma simpatia extrema, um excelente trabalhador. mostrou-me o belo museu, falou-me de Heminguay e da sua projeção turística em Cuba, levando-me depois à aldeia de pescadores, onde o escritor confraternizava com os homens do mar, guardando ali o seu barco, bebendo bem e comendo melhor.
Fez questão que visitasse o restaurante da aldeia: Outro local procurado pelos turistas e não é caso para menos, pois percebe-se o cuidado em preservar a historia e a vida do escritor na Ilha..
Um busto  e dezenas de fotografias de Heminguay. Fidel e Che, nas mais diversas  imagens do que se pode imaginar do que se procura num museu, pois são dos tais momentos que ficam na minha vida para sempre.
No regresso por outra via, entramos na celebre Melecon, em direção a Havana. A meio do percurso, o Antônio, parou o taxi e saiu do carro, sem que eu soubesse a razão da paragem!.
Fez-me sinal para o acompanhar e fomos até á margem do imenso mar, que batia com ondas moderadas, recordo ainda. Falou-me dos milhares de emigrantes cubanos que se aventuravam no mar  e morreram afogados, na sua fuga mar dentro, rumo á Flórida, navegando em precárias condições. Percebi que lhe doía a alma, enquanto eu de braços cruzados, o escutava, e olhava o mar imenso feito sepulturas!
 O  taxista António  não me deixou vir embora, sem que eu tivesse pisado o chão ,por onde passaram vidas e coragem, sofrimento, inclusive a morte de pessoas como eu e tu.

2 comentários:

  1. Olá amigo olimpio! Gostei muito do seu... Antonio. Não tenho nenhuma duvida de como é essa a situação en Cuba, estou bem documentado dessa realidade, mas, não há peor cego, que o que não quer ver."Es como arar en el mar." Admiro os seus sentimentos. Receba o meu abraço, obrigado. Boa Pascoa.

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  2. Olá amigo olimpio! Gostei muito do seu... Antonio. Não tenho nenhuma duvida de como é essa a situação en Cuba, estou bem documentado dessa realidade, mas, não há peor cego, que o que não quer ver."Es como arar en el mar." Admiro os seus sentimentos. Receba o meu abraço, obrigado. Boa Pascoa.

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