Sejamos utópicos como Fidel
O ano que agora está a terminar fica marcado pela contradição; por um lado a satisfação por Fidel ter cumprido 90 anos e por outro, ter-nos deixado fisicamente alguns meses depois. Todos sabíamos que esse dia iria chegar mais cedo ou mais tarde, mas havia sempre uma ténue esperança para que nunca ocorresse, como se alguém pudesse resistir fisicamente à lei da vida. Hoje, passados já alguns dias, estamos mais recompostos do choque inicial e mais conscientes da importância que ele teve não só para o povo cubano, mas também para outros povos do mundo.
Mas imaginemos o que poderia ter sido a sua vida se não tivesse entrado nas lutas estudantis e mais tarde liderado uma Revolução.
Filho de pai abastado, quando Fidel terminou o curso de direito na Universidade de Havana já o seu pai tinha 75 anos e com os problemas de saúde que tinha, não se afigurava que resistisse muitos mais anos, acabando por falecer em 1956. Pelas circunstâncias, Fidel poderia ter rumado a Biran para ajudar o pai e mais tarde tomar conta das propriedades e dos negócios da família que eram de bastante monta para a época, podendo assim aspirar a ter uma vida bem desafogada e promissora.
Pelo seu primeiro casamento, poderia também através do seu sogro, Rafael Díaz-Balart, que na época era um influente político de confiança e ao serviço de Fulgêncio Batista, ter almejado um qualquer cargo importante no aparelho do Estado, passando a usufruir das benesses inerentes a quem era protegido e amigo do ditador.
Pelo seu primeiro casamento, poderia também através do seu sogro, Rafael Díaz-Balart, que na época era um influente político de confiança e ao serviço de Fulgêncio Batista, ter almejado um qualquer cargo importante no aparelho do Estado, passando a usufruir das benesses inerentes a quem era protegido e amigo do ditador.
Mas com o curso de Direito, também poderia ter montado escritório na capital e trabalhar como advogado para a elite habanera ou para uma das muitas multinacionais americanas com interesses em Cuba, tendo assim todas as possibilidades de viajar pelo mundo em representação das mesmas.
Como filho de pai espanhol, poderia ter optado pela dupla nacionalidade e instalar-se em Madrid ou Barcelona ou até em Lançara, na Galiza, terra natal da sua família paterna, tornando-se um emigrante privilegiado em terras ibéricas.
Poderia, como muitos outros o fizeram, ido viver e trabalhar para Miami onde já existia uma importante colónia de cubanos ricos e detentores de muitos interesses quer em Cuba, quer nos EUA ou noutras paragens onde pudessem explorar uma mão-de-obra barata.
Enfim, para um jovem advogado num país em que muito poucos tinham acesso ao ensino superior, todas as portas se poderiam ter aberto para que passasse a ter um futuro profissional e até político bem destacado.
Mas o seu sentido de justiça levaram-no para outro rumo de vida, lutando contra tudo e contra todos para libertar de vez um povo oprimido e sem direitos, fazendo dessa escolha um sacerdócio até ao último dos seus dias, considerando ser sua obrigação moral e ética seguir os passos de José Marti e de todos os heróis que se bateram pela independência e soberania de Cuba.
Com a sua inteligência e cultura geral, Fidel abarcava um profundo conhecimento de todas as áreas de intervenção governamental, idealizando e pondo em prática alguns modelos inovadores para o desenvolvimento dos mais variados sectores, desde a alfabetização à investigação científica. E como disse há dias o seu grande amigo e admirador Eusébio Leal, “Fidel foi um grande defensor da utopia e acreditava fortemente na nobre ideia de que se poderia aspirar ao impossível; e por isso conseguiu realizar t
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