Noites frias, em que os borralhos, dispunham de fogueiras que só aqueciam o pequeno espaço da cosinha, não mais do que um limitado aconchego ao calor das fogueiras nos borralhos do meu lugar, que vieram comigo e por aqui vão ainda e sempre recordadas no meu pulsar de vida.
Comido o caldo da seia, restavam-nos aqueles motivos de aproximação ao quentinho, enquanto as frigideiras de ferro, fritavam os filhoses, ou os beilozes, como se chamavam nessa distante década de 40, do século passado, ou então as dormidas em colchões de palha, um hábito comum das pessoas, que se deitavam com as galinhas, logo que a noite se fechava na sua estranha e implacável escuridão.
As noites de Natal no meu lugar do Casal Novo do Rio, já não existem,apesar de fazerem parte da minha matriz social, sentindo-a no meu caminhar por cidades e por cidadelas, é ali que procuro a minha fonte, quando confrontado com as noites, suaves noites deste tempo de consumismo louco!
Direi que foi um povo triunfador e digno, do pouco que possuíam, fizeram das noites de Natal, os encantos das famílias, genuinamente ingenuas, esperando noites dentro, que as máquinas dos comboios em Alfarelos, apitassem, apitassem, levando as suas sonoridades pelos campos do Mondego, escutando-se no Casal Novo do Rio e em Montemor. Coisa pouca, dirão, mas significativo nos limites do nada em noites de Natal.
No dia seguinte, os que podiam vestiam-se de novas roupas e assaltavam os galinheiros, porque as festas , justificavam as comidas melhoradas com as matanças das galinhas e dos patos, a quem ousava o privilégio de os ter em dias especiais, com noites frias e escuras, onde o petróleo e o azeite iluminaram a minha infância e as minhas gentes..
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