domingo, 5 de dezembro de 2010
Uma carta á mãe Olivia.
Gostaria de ter sido jornalista tipo Manuela Moura Guedes, mas a minha saudosa mãe entendeu que eu devia aprender ainda criança a fazer barbas e a cortar cabelos.Como estou reconhecido mãe Olívia, pois tu não imaginas por onde tenho andado, graças à profissão nobre, igual a tantas outras, que dizias ser apropriada à minha condição física muito fraquita nessa altura. Mas olha que me tornei um verdadeiro cavalão, quem sabe se não pelos teus cuidados e da avó Conçeição, que me levava a saborosa sopa de hortaliça, com carne de porco e chouriça, à barbearia do padrinho Olímpio, pois o rapaz não podia apanhar sol no percurso entre Montemor e a Barca. Sabes mãe...depois de barbeiro, aprendi a ser cabeleireiro e então mãe, se visses os aparatos e fantasias de gentes que respeito porque me deram a vida a ganhar!Mas a gente não foi nem é desse escalão social e foste tu e a ti te devo a razão de vaguear por este mundo, tantas vezes pérfido, de onde partiste sem saber que existia. Desta vez estive no Palácio dos Condes de Óbidos. Olha tem 6 sumptuosos salões com 4 séculos de história, e as empresas reunem ali os seus colaboradores e oferecem o jantar de Natal. Pinturas, lustres magnificos, mobiliário antigo. Mas olha que nunca esqueci a nossa hulmilde casinha apesar destes luxos profissionais, de tanto amor em família e com tanta modéstia, mas foste uma mãe de bons concelhos.Como recordo e faço questão de os não esquecer, agora que as profissões me trazem outros mundos e fantasias, porque a vida nunca foi fácil de ganhar, pois nem tu nem eu tivemos subsídios ou vivemos em clientelas partidárias.Sabes mãe? Não imaginas como têm sido tratados os que trabalham e os reformados, alguns reformados, uma verdadeira pouca vergonha, tenho a certeza que também não gostavas de ver a nossa gente cada vez pior, e nós que sabemos o que foram as nossas limitações. Dizias que eu era herege, mas olha que modifiquei um pouco essa ideia pois acredito na paz que o SENHOR nos deixou e tu mereces essa paz porque foste uma mãe de bem, que cantavas quando eu te pedia alguma coisa que não querias dar
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A felicidade não
ResponderExcluirsignifica ausência de problemas,
mas sim a habilidade de lidar com eles...
Para você ser feliz, não precisa ter
tudo de melhor e sim tornar melhor
o que você tem.
Que excelente análise em função do que temos e valorizamos.Ainda estou para saber como recordei assim tão sentidamente a minha mãe Olivia.Tudo de melhor? É verddade o que escreveu e fiz a ponte ,entre o que foi a amor da minha mãe e a sua modéstia, e agora o meu percurso profissional, como que reconhecendo que lhe devo o tornar melhor o suficiente que tenho.Muito grato pelas suas palavras
ResponderExcluirMÃE... é unica e nunca a esqueceremos...tudo o que fazem por nós, é sempre para nosso bem...peço desculpa de não ter assinado o comentário anterior , mas foi por esquecimento.
ResponderExcluirUm abraço
Silvana Grilo