Gentes do mar imenso,corajosos até ao último suspiro ao enfrentar as ondas de vários metros de altura,por vezes engolindo as suas embarcações.Forte motivo de conversa com estes homens do mar, a forma corajosa como buscam o seu sustento e das famílias,as suas nobres vidas.Sinto que lhes devo a minha solidariedade e porque não a minha gratidão. Estas simples gentes da Freguesia de S. Pedro, Cova Gala,a um instante de Figueira da Foz, ao longo destes quatro anos de convivência e apoio profissional,elevaram a minha auto-estima profissional.Depois de muito calcorrear na minha aventura do melhor que fazer na vida nesta profissão de Cabeleireiro de Senhoras e de Homens, depois de Lisboa,Braga,Paris,Costa Adriática, escolas de formação e de trabalho,contactos da alta moda e fantasias que me exigiam linguagem e formas palacianas,com esta gente simples e expontânea,senti que tinha encontrado a minha raíz social e de origem expondo-me e recebendo lufadas de humildade,sem a parvoice da encenação a que por vezes os palcos da moda dos cabelos obrigaram.Aprendi a valorizar o que somos e para onde vamos. O João sem abrigo,dormindo num automovel com os seus cães de estimação,o Pópó que prefere o chão frio para dormir as suas sonecas,o José Bucha,entre outros desprotegidos da sorte ou do juízo,porque não o ter já é também uma desdita,têm sido para mim fonte de crescimento humano e social,de jeito a compreender a minha precariedade.Mas a freguesia de S. Pedro é também uma festa. No Verão com as suas excelentes praias,multidões de banhistas,fala-se na construção de um Hotel,ideias movimentam esta freguesia de futuro e de arejadas e amplas ruas.Depois temos ainda as iniciativas associativas e o S. Pedro,padroeiro das gentes locais,ao qual os homens do mar nas horas de oração e de aflição por vezes,pedem a sua protecção.De um modo generalizado estou grato à população,já recordo os que partiram e alguns deles com sepultura nas frias águas da pesca do bacalhau,e aqueles dois amigos que se afogaram por baixo da antiga ponte dos Arcos. Nessa manhã o sol encobriu-se por entre as nuvens tal foi a brutal e fria notícia que mais uma vez tinha caído sobre os homens do mar. Eu gosto de realçar a importância da vivência dos dias para encontrar a razão porque sentimos que gostamos de nós mesmos e acabamos por aceitar os outros da melhor maneira e sem azias.Eu na Cova Gala encontrei a comunicação franca que dispensa embirrações.Ninguém é igual a ninguém e a minha porta, e dentro dos limites, jamais se fechou a quem quer que seja. Porque a gratidão é um alimento que ajuda a estar bem.
Na foto, eu a pentear num salão em Lisboa, no ano de 1964.Um Diploma que resistiu ao tempo e à minha desorganização com papéis!
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