segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Repórter MABOR, o sonho do rapaz!!!

(Ao lado de António Moreno, já falecido)

Nasci em mil novecentos e quarenta no Casal Novo do Rio a dois passos de Montemor-o-Velho, um lugar rural banhado pelo imponente Rio Mondego de cheias imensas que traziam ainda maiores dificuldades às suas humildes gentes,que laboravam de sol a sol pelos campos.Apesar de o meu pai pertencer aos Serviços Hidráulicos do Mondego,logo com um ordenado mensal,toda a família trabalhava as terras menos eu porque lá em casa diziam que eu não aguentava a chuva e o sol,por isso seria melhor aprender um oficio. Assim quis o destino.Em Montemor existiam naquela época cinco barbearias,tambem latoarias,alfaiatarias, pequeno comércio e era só escolher a “formatura”. Fui trabalhador estudante,pois então!Da Escola primária à barbearia e fui um felizardo no dizer dos meus irmãos pois até o almoço me levavam à loja,pela mão da minha avó,pois o menino não podia apanhar o sol escaldante,era fraco de forças,diziam.Jamais reneguei as minhas origens,mas eu sabia que existia outro Mundo,porque aquele em que vivia era pobre,era da época em a que a luz do petróleo alumiava o povoado.Por volta dos quinze anos já estava na Figueira da Foz. Novos hábitos e cultura,mas aos domingos lá ia eu às minhas gentes e trazia notícias para o Figueira Spor,um jornal mensário orientado pelo Aníbal de Matos filho.De bloco e caneta na mão percorria as freguesias de Montemor,com o Atlético Montemorense,gostava à brava, e a minha inocência fazia o resto.Muito mais tarde já casado é que a Dília,nessa altura jovem como eu e que ia tambem ver os jogos ao Campo das Lages ,me disse:”Sabes tu eras conhecido em Montemor pelo “Repórter Mabor”, como no programa da Emissora Nacional.”Ou seja, gozavam comigo e eu nem sabia e lá andava a fazer reportagens,armado em grande comunicador.O futebol em Montemor nessa época atraía a população ao campo das Lages,não havia televisão e os entretenimentos foram as jogatanas de meia bola e força,mas sempre com grande alvoroço e a rivalidade com a Carapinheira veio até aos nossos dias,Pereira,Gatões,SantoVarão,Ereira ,Formoselha,se bem me lembro,novos e velhos,aos domingos lá estavam para a gritaria das fortes emoções e dos golos. Eu sem saber estava na crista da onda,era o repórter Mabor ao serviço do Figueira Spor. (Recortes das minhas reportagens, Figueira-Sport, da década de 1960)

Um comentário:

  1. Belo texto!
    Outros tempos!Tudo era mais simples e genuíno,acredito!
    Agora está tudo muito mais avançado!...mas talvez sem a mesma vivência!Falta alegria a esta terra,sem dúvida!
    Melhores dias virâo,esperemos!

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