Na minha experiência, curta e util, com os meus camaradas, sobretudo em comezainas, em que muitos indivíduos se prenderam apenas pelo estômago, se depois da digestão, nada mais restou de solidariedade, foi uma boa experiência, digo-vos.. quero dizer-vos, antes do mais, que seria uma grosseira ofensa, debitar-vos a minha vitimização,face á minha curta experiência, se recordarmos o sofrimento e a morte de muitos comunistas, dos crimes pidescos, portanto, vamos por as coisas no devido lugar, respeitando a história militante de muitos sacrificados pela liberdade e cientes dos seus ideais. Fui com a minha curiosidade, conhecer militâncias diferentes, seguramente com todos os direitos de se manifestarem, encontrando barreiras, por minha culpa?
Em casa, a minha mulher e as minhas filhas , interrogavam-me.Se não assumes o marxismo de Estado, se não apoias partidos e sindicatos únicos, se és a favor da propriedade privada, se não calas o vexame das prisões politicas em países que são da simpatia dos teus camaradas, que andas tu por lá a fazer? Respondia-lhes; Não ando ás cegas. As suas propostas são do meu agrado. A defesa dos trabalhadores, os reformados, do comercio e as industrias familiares, o controle do capitalismo selvagem, enfim, em algumas reuniões com os meus amigos de ocasião , não me sentia sujo ou um infiltrado em causas que continuo a acreditar, a justiça social e o apoio aos mais fragilizados.
Um dia, preocupado com a transparência das minhas atitudes, falei alto para que soubessem ao que ia apelando á derrota do cavaquismo, á boca das urnas , tecendo algumas considerações sobre regimes que não simpatizo,( foi no restaurante a Cova Funda) percebendo que tinha destoado, mas nunca um falso militante social, incluindo(disse na altura) o actual liberalismo só para ricos, de pé e com a sala cheia de militantes. Um comunista, que não gosta que o tratem pela sua ideologia, desaparecido depois na confusão restrita da sua liberdade(só dele).dizia-me, é preciso coragem, ainda hoje não sei onde é que esteve essa coragem de me dar a conhecer nos meus propósitos civicos e a meu jeito.
O meu problema, começa com a minha maneira de SER. Libertada e assumida, sem forças para cantar a Internacional, mas a plenos pulmões cantava o Hino Nacional, perdendo cada mais as furtivas camaradagens de ocasião, onde não faltaram depois os anonimos, numa hipotética e critica vigilãncia, cortes de comunicação, que só por brincadeira a venha comparar ao livro do Sr Raimundo Narciso, apesar de me ter apropriado do titulo .A ultima que me aconteceu, foi quando pretendi manifestar a minha opinião num"bunkar"genuinamente partidário-ideologico, foi corrido para junto da minha saudosa MÂE! O que não me admirou, muito menos fui apanhado de surpresa, ou sequer ofendido com tal suprema" fraternidade."
Continua...
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