Tinha o dom da sua graça e fazia da vida uma constante brincadeira com todos, até comigo que lhe cortava a barba .Elevava o dedo mindinho, com estilo único, quando fumava o seu cigarro, ou a xícara do café, também o seu chapéu na cabeça, lá estava o dedo mindinho em riste e com risos à sua volta, hirto e com total saliência dos outros dedos.
Tinha um sentido critico sobre tudo e todos, mas não era ordinário ou difamador, nem pensar, era até muito respeitado em Montemor, o saudoso Antônio Curto, pois dava-se com todos. O que queria era rir e fazer rir. Diziam que era muito entendido com as doença dos animais, vacas, porcos, cabras, enfim, o Ti Curto, tinha boa fama na sua profissão..
Foi muitas vezes a minha casa, consultar os animais, dos meus pais. Recordo-o ao abrir a boca das vacas, com as duas mãos, tendo a cabeça delas, entre as pernas, metendo-lhes vinagre e sal pelas boca das vacas,ainda hoje estou para saber o resultado da receita.
Nada disto é ficção, mas a vida que por mim passou a correr assim. Consta, ainda hoje nos antigos, como eu sou, que numa noite na sede do Montemorense, reparando que numa assembleia havia sócios que estavam em pé, e um ou outro, que não eram sócios, estavam sentados, eis o repentismo do popular António Curto, em plenos pulmões. Há sócios que são sócios, estão em pé, há sócios que não são sócios, estão sentados, Rematando; o lugar deles é nos bancos da praça, porque gado que não faz estrume fora do curral.
Os bancos da praça, em Montemor, tiveram os piores críticos de uma época(década de 40-60) onde muitos montemorenses que nada faziam pela terra, foram uns noviços linguareiros, ridicularizados no meio, mas isto são fenômenos de todas as épocas e de todos as terras, que fazem a sua história nos manuais da hilaridade, uns trabalham nas causas colectivas a bem das terras, enquanto outros, transpiram de nada fazer com a sua pobreza de mentalidade.critica e sem exemplos.
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