quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

As Aventuras da Emigração.

A gratidão do emigrante brasileiro.

É bom partilhar emoções, as boas, aquelas que nos fazem crescer na sensibilidade,nos dão gosto e esperança. Isto é apenas um desabafo acerca dum episódio que me trouxe bem estar,nada mais,e por isso vou contar.
Há uns meses atráz,entrou-me no salão,um jovem brasileiro ,vinha triste ,direi mesmo demasiado triste.Desalentado,pousou no chão uma mala de dimensões reduzidas com as suas roupas,poucos pertences,em contraste com a sua amargura essa sim bem notória.
Era cabeleireiro procurava trabalho,e já desiludido pensava até em regressar ao Brasil,mas esse destino também actualmente já só seria possível com ajuda monetária de alguém.Vinha a pé da roulote onde vivia com outras pessoas,mas também aí a situação se havia degradado (casa onde não há pão)...
Êle ao entrar na minha porta fê-lo com alguma esperança,mas o meu salão não tem capacidade de trabalho para ter um empregado,eu não podia fazer nada.Disse-lhe que se sentasse enquanto eu procedia a um corte,e pelo espêlho vi com mágua minha,lágrimas silenciosas nos olhos dele.
Retomei a atenção e ouvi os seus lamentos,as suas verdades,tinha vindo do Brasil à dois anos lá tinha deixado a esposa e a filhinha,sofria com as saudades,e por cá nada de estável tinha conseguido;estava disponivel para qualquer trabalho,mesmo dificil,queria legalizar-se,mas a sorte continuava a ignorá-lo.
Levantou-se, pegou na mala e desalentado disse vou embora (a pé) para a Figueira,
não consigo legalizar-me,vou pedir ajuda e tratar do regresso.
Eu também me senti triste por nada poder fazer,mas mesmo assim reagi... espere,espere aí! Iniciei com “raiva” os meus contactos para os cabeleireiros da Figueira,tambem para o meu Montemor,e lá veio uma resposta que nos encheu de esperança e de alegria.Sim,Olimpio,tenho aqui lugar para o brasileiro,e ele ficou a trabalhar durante alguns meses naquele salão. Assim o brasileiro já não ia para o Brasil.Levei-o de novo á roulote,(sua habitação) situada entre a Cova Gala e os Armazens de Lavos,onde havia muitas outras,diria mesmo um”bairro de roulotes”. Passados uns meses voltou ao salão,já não era cabeleireiro porque ganhava pouco, mas sim pintor de automoveis, e estava a tratar da documentação para se legalizar.Queixava-se do patrão,homem com pouca sensibilidade; tinha os dedos inchados da dureza do trabalho,mas tinha também dentro dele uma enorme esperança de voltar a reunir-se à esposa e à menina,por isso sofria, aguentava e não desistia.
Há dias apareceu contente! Ao entrar no Salão disse-me: Sr. Olímpio você é o primeiro a ver este cartão,ao mesmo tempo que exibia o documento da legalidade. Deu-me um abraço e ambos nos comovemos... só sube dizer-lhe vai-te embora que eu não sirvo para isto,fico emocionado,pareço um adolescente.
Agora poderá talvez,sei lá, partir para outro País mais rico, onde será um emigrante legalizado e terá a oportunidade de juntar-se à familia,o seu grande sonho e total recompensa pelos sacrificios que viveu e ultrapassou.
Até sempre,amigo! Espero poder aceitar as férias prometidas no seu país.

6 comentários:

  1. Isso sim..........atitude de um SOCIALISTA legitimo.
    Parabéns

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  2. Caro anônimo.Não brincar com coisas muito sérias da vida dos que sofrem,mas se isto é ser socialista!felismente que ainda há por aí muitos exemplos,então,de excelentes socialistas.Não.Não tenho essa ideia,é necessário muito,muito mais do que uma pequena atitude ,relativamente a um pequeno caso e de momento.Ò!Seria fantástico poder ser um verdadeiro socialista.mas como se ainda quase aos 70,em Setembro,trabalho durante o dia para comer á noite.Obrigado,mas foi muito pouco o que aconteceu neste verdadeiro encontro com os dramas da emigração.

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  3. Aquele que faz algo pelo seu semelhante,ao fazê-lo,é o primeiro a sentir alegria. A alegria está mais no dar,do que no receber...

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  4. Não são só os euros... as palavras de apoio,as atitudes que levam a alguém que possa "acudir"no momento dificil,são também valores.
    Um bom exemplo,haja quem o siga...

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  5. Estimado Olimpio: Esse brasileiro por aquilo que me apercebi queria era emprego e não trabalho, porque se fosse para trabalhar ficava no país dele e não vinha para cá chatear o branco.
    Um abraço e bom fim-de-semana.

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  6. É uma opinião que eu aceito,mas como cá,tambem o Brasil,tem imensas bolsas de pobresa.Pode acreditar que o tipo era muito trabalhador,e já desapareceu ,e foi-se á francesa e acho que fez muito bem.Muitos dos nossos trabalhadores estão a partir para outros Paises.Na Cova Gala sinto que muitos pescadoes vão embora ,pois o Rio que era abundante em trabalho de pesca,á 5 anos é agora muito complicado.São aqueles que trabalham durante o dia para comerem á noite,não acha? Bom fim de semana.

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