Penso, outros leitores pensarão o contrário do que eu penso, que umas das atitudes menos felizes, é o que se pratica entre pessoas marginalizadas, e aquelas que se julgam para além desse estigma, afastando-as de uma palavra, coisa pouca e "rica" no seu cinismo,Combato e denuncio estes comportamentos, talvez por isso tive um comentário "ilustre" e demasiado pobre de conteúdo, colocando-me como parceiro da Madre Teresa Calcutá, que meu deu imenso riso e o colocou no ridiculo da sua comparação.
Conheço um estabelecimento na Vila de São Pedro, que perdeu clientes por não escorraçar os marginalizados, só pelo facto de cheirarem, ao que que eles são, marginalizados e descuidados da sua higiene. O que revela a pior das hipocrisias desses clientes, quando os escutamos a defenderem os valores sociais e a pugnar por eles.São assim os falsos e estreitos inventores do que dizem e não sentem, muito menos fazem.. Vivem da escrita e das palavras com elevado estilo, mas o nojo para com estas pessoas é a sua negação como pessoas, o que me deixa a pensar! Será que o vento lhes levou o carácter das palavras? Será que não percebem que os outros percebem, o seu vazio social?
É verdade que muitos desses marginalizados, o são por vocação, assumindo um estado de vida pelas ruas das cidade, num método corrente do seu relacionamento com o desprezo de si e dos outros. O álcool, a droga, incapacidades para o trabalho, os divórcios, fazem o drama destas pessoas marginalizadas, julgando eu numa assumida consciência do seu próprio direito. Nenhuma revolução ou sistema de Estado, consegue fazer o desejado equilíbrio social destes marginalizados, Já vi muita pobreza em países adorados por alguns iluminados, mas protegidos pelas Instituições, como cá, e quantas vezes desprotegidas por sistemas governativos, como tem acontecido com este liberalismo capitalista, afastando o estado do que lhe compete no social, mas vou voltar ao principio da minha opinião, porque ser politico é ver o outro igual nos direitos e deveres, caminhando a par, em vez das tretas e mais tretas que ninguém acredita.
Há um cidadão que anda por aí diminuído pelo álcool. doença ou droga, percorrendo a cidade de ponta a ponta, caminhando só e de cabeça enfiada na estrada, solitariamente tristonho.
Um dia destes conversei com ele em Buarcos, Estas pessoas tem vida e sentimentos. Percursos de vida tormentosos e precisam que os escutem e eu fiquei a pensar na sua historia, triste historia a sua, porque me situou no que me disse e porque caminha só ao sol, á chuva e ao vento, estrada fora no seu destino, apetecendo sacudi-lo da sua queda social.
Depois. Também caminhei com a cabeça enfiada na estrada, falando com os meus botões, mas ao olhar para traz com espanto meu, outro individuo o acompanhava, afinal... coisa interessante e a justificar a minha curiosidade bem sucedida. Tinham entrado numa pastelaria, reparei com alguma distancia do local. Curioso, com aquela solidariedade, foi presenciá-los e ambos bebiam café com leite e comiam pão. Olhei-os com ternura e senti inveja de quem? Do individuo que venceu tabus e hipocrisias tais. Deixando-os, fui embora, mais aconchegado com a minha cusquice? Se Deus existir. sabe da minha esperança ao ver aquela atitude no apoio ao marginalizado pela ruas da cidade, e outras cidades onde morre a vida e a dignidade dos marginalizados com o meu desprezo, que não de muitos outros, felizmente. Bastava um euro meu e de milhões nos campos de futebol, bastava isso...
Publicado.D.C Beiras Voz da Figueira, coisa minha e de pouco relevo nos meus habituais desabafos.