domingo, 4 de outubro de 2009

Banho ao luar em Armação de Pêra.



As férias tempo de lazer,sem horários nem compromissos,são para mim como que um tratamento médico sem dôr,que me proporciona um bem estar indescritivel. Tenho tempo para pensar,e recordar... e se recordar é viver,porque não usar e abusar?Também refletimos eu e a Dília,sobre a velhice que é comum a todos os que vivem mais,e até é um previlégio quando a saude ainda é suficiente.Quando há tempo fála-se de tudo,mas é mais comum recordar.. hoje recordei os verões em Armação de Pêra,e já lá vão 47 anos; existia apenas um café ,cujo espaço ainda lá está,mas a funcionar noutros moldes acompanhando a evolução natural;era ali que nos encontravamos.Constituiamos um grupo da noite em que eu o cabeleireiro do Hotel Garbe,facilmente me integrei e os bailaricos nas redondezas,eram a alegria da malta.Um dos rapazes do grupo tinha uma carripana barulhenta em que entrava sempre mais um.A nossa sorte era que o sopro no balão estava ainda distante,também nunca tivemos qualquer acidente,embora as noitadas fôssem o prato diário (à noite,claro).A juventude sempre foi irreverente,eu não era excepção. Mas voltando ao café, foi aí que o grupo conheceu outro grupo,mas de inglesas,doidas por aguardente de medronho,produto regional,o que fazia das nossas noites o alvoroço total.Só um do grupo falava inglês,cá por mim pouco mais de nada sabia,pois no Salão do Hotel havia uma interprete. No entanto a nossa ignorância relativamente ao idioma,não era obstáculo para as "reuniões notívagas"... Uma noite já com as cabeças em polvorosa pelo elevado grau alcoólico dos bagaços de medronho,alguém deu uma ordem que só podia resultar aos 23 anos. -Todos ao banho ,todos ao banho! Se fosse dia a ordem seria normal,mas o mais curioso destas loucuras que só existem na juventude,é que era alta noite,serena e tépida,mas tarde,secalhar madrugada até... nunca esqueci porque estas cenas ficam na lembrança pela vida fora. O luar reflectia-se sobre o mar,e ao longe os barcos de pesca da aldeia,iluminados alinhavam-se dando a ilusão de um povoado.Um dos do grupo como sabia que eu era novato por ali,gritou alto para mim "ó cabeleireiro do Garbe,olha ali aquelas luzes é Marrocos!" Claro que não era Marrocos,nem eu acreditei,mas tudo servia para divertir. Recordo aquele" banho santo"em nudismo total,comum a todos,inclusivé as inglesas,entre correrías e mergulhos,naquele mar
de ondas suaves. Mas tenho mais recordações,como aquela em que o burro embirrou e não quis acabar a viagem de Portimão á praia da rocha,pois naquela época faziam-se viagens turisticas de carroça,muito apreciadas,tanto por estrangeiros,como nacionais: um dia destes vai ser giro, vou recordar a teimosia do burro e o desespero do condutor da carroça...

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