sábado, 26 de dezembro de 2009

SEM-ABRIGO

Abrigo pode ser casa de caridade,onde se recolhem os desamparados.Mas também pode ser abrigo de menores,enfim,ao abrigo das maldades humanas.Tantos são os problemas e a preocupação de organizações de solidariedade e de pessoas singulares,que protegem os sem abrigo, grupo de quem quero falar.Alguns são-no por opção,não sei se isso acontece fruto do seu percurso.A maioria,se perguntarmos, sofre devido a problemas de alcoolismo,divórcios conflituosos,desaires nas finanças,histórias que os levaram à rua,o que sei eu desta humilhada corrente humana.O aforismo popular nos confirma:se muito tens ,muito vales,se nada tens, nada vales.É nesta área que se conhece o verdadeiro carácter das pessoas.É o teste.As pessoas dizem-se iguais umas às outras,mas quantas vezes carregados de mentira e preconceitos,afastando-se e olhando de lado essas outras,como que se olha para um leproso,na hora da verdade e do diálogo revela-se o seu interior.E se assumo esta frontalidade é pela razão de que todos os dias partilho palavras com um sem-abrigo e este é-o verdadeiramente porque quer assim viver.É também nesta área que se revelam os insensíveis e gananciosos,que apenas ligam aos bens materiais e que não sabem partilhar.
Sem falsos sentimentos que só me envergonhavam,digo tenho inveja dos que se dedicam a estes apoios aos sem abrigo.Daí que humildemente os veja como pessoas diferentes de mim.Preocupado com a minha sobrevivência,não deixo de me sensibilizar com todos os processos de apoio ao nosso semelhante.Mas o que faço não é muito,os problemas são graves.Agora por Lisboa e Porto e porque não pelo país,cerca de mil sem-abrigo,enfrentaram o frio intenso,enrolados de qualquer modo em sujas roupas e papelões que fazem enganar a desgraça de cada um,esperando o caldo quente de pessoas de bem fazer.Nesta quadra a solidariedade chega em ondas,igual ao volume de água chuvosa que nos inundou.Mas depois,tal como o sol que brilha e desaparece,os problemas ficam por aí entregues à comiseração de uns e o desprezo de muitos.E é por isso que deviamos ter mais um imposto,por forma a retirarmos da rua estes nossos semelhantes que se arrastam na mendicidade e na humilhação social e humana.Écerto que me orgulho das iniciativas que apoiam esta faixa de pessoas como nós,que vivem na valeta das piores dificuldade.Mas se se paga impostos por tudo e por nada,ninguém contestava mais outro que beneficiasse directamente
este estado social que nos preocupa e nos limita para a melhor tranquilidade neste Natal.Ou então que se reavalie esse tal rendimento mínimo de inserção de que tanto mal se diz e se canalize de facto para quem não tem mesmo hipótese de trabalhar e viver de forma digna.Dentro de dias,pois outro ano vem aí e esta fúria de sentimentalidade e alvoroço é uma festa que tem o seu principio e o seu fim.Comovo-me com tanta fraternidade mas pensando já adiante e sobre a nossa existencia tão efémera e precária,agarro com unhas e dentes uma partícula deste amor que saiu dos corações e das multidões e guardo-a esperando aquecer-me dele todo o ano.É isso que estamos a fazer aos sem abrigo,oferecemos fraternidade no Natal e esperamos que ela os aqueça e alimente todo o ano.Temos de ter a força e a sensibilidade de ver no outro o nosso semelhante e só assim se tomarão talvez medidas mais eficazes para resolver este problema.

3 comentários:

  1. Hoje no C.M.na coluna Acimaabaixo,segunda página,Isabel Bento,responsavel da Comunidade de SantoEgidio,surgiu numa fotografia de sorriso alegre,pois assumiu com outros mendros da Comunidade,o almoço de Natal para mais de 350 sem-abrigo,escreve o C.M.Foram chegando de mãos nos bolsos,enregelados,com marcas de chuva na roupa.Empresas e particulares,apoiaram este almoço e a predominãncia foram homens,tambem mulheres e jovens.Coisas boas aconteceram nesta quadra,digo eu,mas o natal é de todos os dias e venha daí o tal imposto e já.

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  2. Eu sou o tal,
    O vulgar alentejano
    A viver na Capital,
    Que lhe vem dizer Bom Ano!

    Com comida p'ra viver
    E bebida P'ra aquecer
    E cama para dormir
    E saúde p'ra usufruir!

    Ter a familia por perto
    E até alguns animais
    Eles não falam é certo
    Mas,contudo são leais!

    Já sabemos que a pobrêsa
    É mal,que afecta e não cura,
    No Natal algo se faz,
    Mas é sol de pouca dura...

    O mundo é imperfeito!
    Se és cristão,tal não direis...
    Mas foi Cristo que afirmou,
    Que pobres,sempre os tereis!


    Aceite o abraço do Alentejano.

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  3. Caro Sr.Alentejano.Que bonito poema que muito agradeço.As palavras ditas com o sentir que elas assumem,são a nossa força interior.Verdadeiramente, devemos sentir o respeito de as dizer e conviver com elas ,na certeza que não traímos os nossos sentimentos.Sei que não é facil lidar com estes conteudos,mas é excelente sentir o pragmatismo das palavras e logo com exemplos da transparência e da lealdade.O seu poema dá-lhe responsabilidade,tal como eu ao falar dos sem-abrigo,tambem e dentro da minha modestia,estou atento e responsavel pelas palavras e se não me levar a mal,pelos actos!Que tenha um bom ano e volte sempre.

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