terça-feira, 4 de agosto de 2009

O Cravo e o Victor 51 anos depois.



Estou numa fase de memórias e valorizar os valores da amizade,recordando companheiros que tal como eu seguiram a estrada da vida e uma mocidade vivida entre Montemor e a Figueira,até aos 2o anos,altura que parti para a vida militar e depois para nova profissão em Lisboa.Já o ano passado o Cravo e o Victor,vieram à Cova Gala procurar-me,mas não estava,fazia férias em Armação de Pêra com a família.Há dias voltaram de novo e então foi o recordar de uma mocidade louca e da juventude,...e já lá vão 51 anos!Mas quem são estes "gajos"?O Victor era empregado na Farmácia Praia e o Cravo no Casino.Recordo outros companheiros das noites e das borgas:Trafaria,hoje dirigente da Naval.O Branquinho,Farmacia Faria e o Olimpio,no comércio.O Zé Carlos Menano,estudava, e os irmãos Costa Alves,tambem estudantes.O Costa Alves, mais velho, era o poeta do grupo,já de madrugada ,empoleirava-se para que a sua voz fosse escutada e declamava: E vós, Senhores nunca amastes?E o pai,bruta montes, resolveu dá-la a um lavrador... e por aí fora. Eu era o barbeiro do grupo e também trabalhava no casino.Por isso o Costa Alves,gritava do alto da sua bebedeira:Atenção meus Senhores!Vou apresentar-vos o "Coiffeur do casinô".Encontrei-os em Lisboa mais tarde e nos Restauradores,fugimos às cargas Salazaristas,pois os meus amigos eram comunistas e muito evoluidos.O mais novo foi preso em Caxias e eu, com medo, nunca o fui visitar.O Costa Alves,faleceu há 9 anos,foi empregado da Robialac. Se li Marx e Engels a eles o devo e sonhei tambem com a justiça social,daí a nossa contestação nos Restauradores e Rossio,por volta de 1961. Mas este grupo ia a todas e foi até Montemor a um baile no Jardim Municipal,estava lá a que foi a minha esposa para toda a vida,a Dilia que era jovem como eu.Volvidos 51 anos eis-me de novo com o Cravo e o Victor,recordando esse tempo que não volta mais próprio da existência de vivermos para um dia morrer. Estamos todos velhos,mas novos de solidariedade e amizade,garantida de irmãos para irmãos.O Cravo está em Leiria e o Victor em Lisboa,depois de tantas voltas da vida foi bom rir e recordar os tempos da mocidade com o Cravo e o Victor,agora todos à beira dos 70 anos de idade,mas sempre fieis a esse sentimento nobre da amizade.

2 comentários:

  1. Deve ser caso inédito, alguém oriundo da Barca, não do Inferno, mas do concelho e freguesia de Montemor-o-Velho, há cerca de 50 anos, ter a coragem de ler Engel e Marx (não aquele do bailinho da Madeira, mas o genuino. Com isto, o meu amigo Olímpio já demonstrava certo apetite pela cultura contemporânea e pela evolução pessoal que mais tarde se veio a manifestar nas suas reportagens do famoso "Mabor".

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  2. Não faço ideia deste Sr anónimo,mas deu-me vontade de rir.Sim,os irmãos Costa Alves que já conhecia da Barca,pois o pai trabalhava na ponte que ruiu com a cheia,voltei a encontrá-los na Figueira,onde fomos novos e boémios.Depois em Lisboa,eu cabeleireiro de senhoras,eles empregados da Robialac,de novo o companheirismo.Eles estudantes e evoluidos,liam as teorias marxistas,daí e por eles a influência,tambem sonhei com aquelas teorias.Recordo muitas coisas da vivência em Lisboa.As manifestações anti-Salazar no Rossio e Restauradores e as cargas vde policia em cima da malta que só tinha pernas para fugir,Recordo que o irmão mais novo do Mestre Costa Alves ,foi preso para Caxias.Fui um cobarde porque com medo nunca o fui visitar,depois a vida mandou cada um para seu lado.Naquele tempo ser comunista e falar disso era perigoso,mas eles não tinham medo e eu era jovem de mais para compreender o drama de ser preso por ter ideias.Gostei do Sr anónimo,volte a picar-me que eu longe da politica de hoje ,digo-lhe que fui um interventivo cidadão naquele tempo,Sabe que na Republica de grande Raul Rêgo ,denunciei a violênica do Professor Teixeira ,em Montemor?

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