quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Santiago Pinto,o espólio


Um dia destes,a Zé,companheira de Santiago durante uma vida,entrou-me pelo Salão com uma enorme quantidade de papéis,alguns organizados em caderrnos,dizendo-me que me diziam respeito face à amizade que mantive com Santiago Pinto,durante muitos anos.Senti que,ao pegar neles e ler alguns poemas sobre Montemor,regredia anos e anos até um período de existência que jamais voltará.Pareceu-me escutar as nossas conversas na Rádio e o que vivemos por Montemor,sabendo que o Jornal de Montemor,é já um pedaço de história no tempo ainda tão curto na nossa memória.Santiago Pinto nos últimos anos de vida tinha deixado de me falar,porque o Santiago foi assim,necessitava de conflitos para se impôr,arranjava e inventava complexidades de vazio que só ele entendia.Eu fui verdadeiramnete amigo do Santiago e acabei por lhe perdoar as ofensas e intrigas,acabei por estar presente em Vila Nova da Barca,no seu funeral e um dia destes irei visitar a sua campa.Não se trata de um sentimento de hipocrisia,não tenho esse estado de espírito de manifestar sentimentos que não me fazem alegria.Por isso este espólio também faz parte de mim,porque no fundo o Santiago,enquanto não lhe deu a paranoia,tambem manteve comigo cordiais relações de amizade.Mas estava escrito no seu destino que eu seria mais uma pessoa para garantir a sua fúria de viver contra tudo e contra todos,porque foi assim o saudoso Santiago,que acabou por não me ofender.Frequentemente fazia bonecos de forte imaginação e tenho pena de ter perdido tão pitorescos desenhos ao longo da minha vida.Tinha graça no que dizia e foi muito alegre e eu ria,ria muito com toda aquela vivência que para mim foi sempre companheira e leal.Mas afinal será que não merece a pena viver na plenitude da paz e da amizade até ao fim das nossas vidas?Claro que isso não é para quem quer mas para quem pode e Santiago não podia viver assim em paz com os outros,porque o meu saudoso amigo tambem não tinha paz para dar a quem quer que fosse.A Zé,sua companheira de muitos anos ,uma palavra de reconhecimento pois colocou em prática a sua fé e amor aos outros,até ao fim da vida do Santiago Pinto,e eu sei do que falo para lhe fazer justiça.

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