quarta-feira, 14 de julho de 2010

Recordações de Montemor e do Casal Novo do Rio

Sempre que me é possível regresso às minhas origens:sinto ali com prazer a realidade donde venho, onde estou e quem sou,um ser modesto e simples.
Neste último fim de semana estive na minha terra no Casal Novo do Rio,mais própriamente na Barca,pois assim se chama também; por ali andei, encontrei amizades antigas,e também a Zézinha (que actualmente ali reside) um conhecimento mais recente dos tempos em que estive estabelecido em Montemor.Ela também tinha uma loja nas imediações.
Agora mostou-me fotografias dessa altura,recordámos as actividades,e os magros lucros...Numa delas está ela com a mãe a D.Lisete,junto da sua loja de artesanato,noutra estou eu,a Zézinha, e a”endiabrada” Zeca,que sempre brincalhona nos fazia rir muitas vezes.
Estamos vestidos com as camisolas da Comissão das Festas de Sto.António, realizadas na praça da Républica de Montemor;foi um convivio muito agradável que ainda não esquecemos,apezar dos anos que já passaram sôbre ele,daí recordármos até com alguma saudade.
Não me perdoava se não falásse da minha Barca, pois como atrás referi ali estive, mas também para uma saudável confraternisação (na festa da Barca) com as minhas gentes,já poucas do meu tempo, a vida tem um limite de existência,e grande parte daqueles que me viram crescer, já partiram para o além.
Fazer comparação,de como era o Casal Novo do Rio,a Barca da minha infância e juventude com o que é hoje, é irrisório,tudo mudou (para melhor).Os seus habitantes são outros e diferentes, naturalmente;esqueceram-se as suprestições,os mêdos e até em parte as crenças... O ambiente foi alterado,as pessoas vivem bem melhor,há comodidade,gostei de ver!
Mas perdôem-me o desabafo: deixem-me recordar também a singela beleza da Barca de há muitos anos atrás,com esta fotografia guardada “religiosamente” por quem a fez... era linda não era a minha terra? Com a água a murmurar ali tão perto do modesto casario...
Mas,não há rosa sem espinhos; nessa altura os meus conterrâneos,e também os meus pais e irmãos trabalhavam na agricultura,era o modo de trabalho que permitia uma vida digna mas sem comodidades nem luxo,havia milho na arca,e feijão para a sopa a que chamavam caldo, isto na minha casa,mas nem todos tinham êsse bem. Também o Mondego pregava as suas partidas, por vezes as cheias chegavam mais cêdo e estragavam parte da colheita,era prejuíso,e não havia subsídios.Poucas pessoas andavam calçadas,surgiu então uma lei que proibía o pé descalço: esta lei com risco de multa foi recebida com desagrado,até pela despesa a que obrigava a compra duns sapatos,e então a imaginação funcionou; calçavam apenas um sapato,e no outro pé enrolavam uma ligadura simulando um ferimento; quando o sapato acabásse repetiam a operação com o outro que tinha estado guardado (mas este procedimento,até nas cidades funcionou) vivia-se mal em Portugal...
Hoje o Casal é um pequeno paraíso.Tem moradias bonitas,prédios de andares aonde existe comodidade,os caminhos enlameados d’outrora deram lugar a estradas, o ar é limpo,há arvorêdo,emfim está um bom lugar para viver,e como atrás disse esteve em festa no passado fim de semana,festa a que não faltou também o cunho religioso com uma Missa no Domingo,e depois a actuação dos grupos de danças e cantares,sempre tão do agrado de todos nós.
Fica a esperança da repetição no próximo ano.Até lá...

3 comentários:

  1. Gostei da foto da sua linda terrinha,também gostei imenso daquela maneira que utilizavam para iludir as autoridades,simulando ferimento num pé para poupar o outro sapato,desta não se lembrou uma senhora de Soure que foi multada pelo próprio filho da GNR por se encontrar descalça na vila,este nem aos Santos perdoava! Era assim naquele tempo que eu me lembro perfeitamente embora muito jovem!
    Continue a escrever por muitos anos no seu BLOG!
    Ora assuntos da actualidade,mas também antigos, nós gostamos de recordar,porque isto é viver!

    Um grande abraço
    António Querido

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  2. Amigo Olimpio Fernandes
    Gostei muito do seu comentário no Blog á´cerca das origens que faz um pouco de referencia.
    Pois quem não respeita suas origens no meu entender tem vergonha de si mesmo.
    Podemos evoluir muito, e quando evoluímos a evolução e cativarmos e respeitarmos nossas humildes raízes, que que pensa que foge das raízes não evoluem, mas sim embruteceu porque a vaidade esqueceu uma coisa mais importante que é a humildade, e não nos nasceu mais pernas quando deixamos nossa querida terra que vale mais que toda a vaidade que o homem pensa.

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  3. Caros amigos da Cova Gala e de Lisboa
    Grato pelos vossos comentários.
    Bom fim de semana em familia.

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