Trabalhava na Barbearia Evangelista, de um montemorense, que funcionava com 4 cadeiras e sempre ocupadas, mas havia mais 4 casas do corte e barba, incluindo a do Casino, onde à noite fazia umas horas de trabalho.O Bairro Novo, com as suas numerosas famílias espanholas e as respetivas criadas, fervilhava de vida e alegria,acorrendo ao Pátio das Galinhas e mais à frente à entrada para o Casino da Figueira da Foz.Foi aí que eu e um colega da Barbearia, já não sei se nos pagaram ou não, fomos publicitar uma pasta dentífrica, oferecendo a cada um dos que entravam para o Casino, a tal pasta que tambem não me recordo o nome, talvez Couto, porque estava na moda nessa época.
O engraçado deste trabalho é que nessa época já existiam gananciosos, pois muitos dos favorecidos na entrada voltavam a sair à rua para de novo poderem receber nova pasta para lavar a dentuça, depois entrando de novo no Casino.
O chefe, que mirava o corropio de pessoas a entrar e a sair, deu pela falsificação dos processos de entrega e acabou com a esperteza saloia de uns tantos que não se contentavam com o justo!
Uma tarde destas dei umas voltas pelo Bairro Novo e já nada é o que foi! O Nicola, a tasquinha do Arnaldo,davam uma vida e movimento a esse espaço, vida que o tempo de hoje já não tem. Que memórias estas de uma vida longa e às vezes saudosa de mais, mas sempre vida enquanto dura.
Em 1978 voltei ao Bairro Novo como cabeleireiro de senhoras e ainda recordo fortes presenças de banhistas, os festivais de cinema e dos penteados, onde realizei sonhos de profissionalismo com a minha presença em palco, as cantigas da pequenada, tudo se foi. Decerto terá sido como que o canto do cisne , pois hoje o Bairro Novo sofre as consequências das tranformações sociais e económicas e vive de recordações do passado, tanto quanto eu as senti um dia destes, o que motivou este post.
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