quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ilusões perdidas.

Acordei depois de um sonho de esperança. Nessa expectativa de um bem que se espera, sempre acreditei que se se modificasse o sistema social e político pré-25 de Abril, e já lá vão 35 anos, um país novo surgiria. Parece-me que essa alegria ainda mora dentro de mim. Ou uma parte, pelo menos.
Fizeram-me promessas para que acreditasse numa porta que se abria para uma sociedade, não direi perfeita, pelo menos sensata e equilibrada, mas acabei por acordar com pesadelos que se devem às injustas consequências actuais do poder político e económico, brutalmente penalizador para os cidadãos de menos recursos, como acontecia no tempo do fascismo. Agora, e apesar de ser um homem livre, sou confrontado com as tiranias dos que se serviram de uma liberdade que nada fizeram para conquistar, esquecendo-se da fraternidade que cantaram e agora não sentem, cavando leis sobre leis que fazem sempre os mesmos pagar a factura, ou não fosse o povinho o burro de carga.
Ao escutar o discurso de Cavaco Silva, na legítima vitória do último Domingo, tive a sensação que já tinha escutado aquelas palavras há muitos anos atrás, e se não for ofensa, no tempo em que encostava as orelhas ao rádio para ouvir os discursos dos donos do regime Salazarista, passados com palavras feitas e medonhamente velhas.Vivo pois, com 70 anos de idade, e a minha angustia é igual à da minha juventude. Já sem tempo e esperança, muito menos sonhos, outro empolgamento e outra alegria, penso ainda numa data que também fizesse história, enquanto no mínimo da minha contestação vou votando contra as teias do novo sistema.

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