domingo, 24 de abril de 2011

Ó Povo de Montemor, se estás desgraçado, suspende, toma cuidado.

Terras de Montemor, um livro publicado por Santos Conçeição, em 1940, menciona
uma poesia feita em 1902, intitulada As Arcas de Montemor.
São 376 páginas, com a história impressa de Montemor e as suas 14 freguesias, como que a ressurreição de culturas que não existem, sobretudo ambientes e costumes.O poeta Conde Monsarás, que conhecia o povo de Montemor e a sua pobreza, passou pela Vila,escrevendo este monumento de palavras e sentimentos.
Na rua Fernandes Coelho, Figueira da Foz, fomos fotografar uma lápide de 1952, que assinala o primeiro centenário do seu nascimento, uma homenagem da Câmara Municipal dessa época.
Se o poeta viesse hoje conhecer o que se tem feito ao povo português, quem sabe se se não escrevesse também...Ó povo portugues ,se estás mal, se és desgraçado,suspende , vota com cuidado.

"Entre escombros na rudeza
De vetusta fortaleza,
Batidas de vento agreste,
Empedrenidas, cerrada
As arcas pejadas
Uma de oiro outra de peste.

Ninguém sabe ao certo qual
Das duas arcas encerra,
fecundo manacial
Que fartará de oiro a terra
Mesquinha de Portugal;

Ou qual, se mão imprudente
Lhe erguer a tampa funérea
Vomitará de repente
A fome, a febre, a miséria
Que matarão toda a gente
Sempre que o povo faminto,
Maltrapilho e miserando
Fosse ele cristão ou moiro,

Entrou no tosco recinto,
Para salvar-se arrombando
A arca pejada de oiro
Quedou-se os braços erguidos,
Atónito e errante,
Sem atinar de que lado
Vinha morrer-lhe aos ouvidos
Uma voz agonizante
Entre ameaças e gemidos.

"Ó povo de Montemor,
se estás mal, se és desgraçado
Suspende toma cuidado,
Que podes ficar pior!"

E nestas perplexidades
E eternas hesitações
Hão-de passar as idades,
Suceder-se as gerações
E continuar na rudeza,
Batidas de vento agreste,
Empedernidas, cerradas
As duas arcas pejadas,
Uma de oiro, outra de peste."



Um comentário:

  1. Ó Sr. Olimpio estes versos das arcas,estão
    mâncos,falta aqui muita coisa.
    Donde foi o Sr. copiar para sair isto?
    O Conde ainda o vem procurar
    para lhe pedir contas
    por ter maltratado assim
    o que ele fez tão bem.

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