Não tinha mais de 6 a 8 anos e vivia uma vida amplamente rural, no Casal Novo do Rio, Montemor-o-Velho, mas se existia muitas limitações culturais e sociais, na minha casa, os meus pais e irmãos mais velhos, trabalhavam nas terras e a broa, caldo, carne na salgadeira, vinho, era considerado na época uma casa remediada, no meio de imensa pobreza naquele lugar. A luz eléctrica e a água canalizada, surgiram quando eu já tinha abalado para a Figueira da Foz.
Hoje lembrei-me do meu Pai Daniel Fernandes, /guarda rios ,) amigo do meu saudoso amigo Fausto Caniceiro, a quem lhe foram entregues as chaves da urna em 1959. Meu Pai funcionário da Hidráulica do Mondego e o TI FAUSTO, homem de bem, chefe da secção na Figueira da Foz.
Hoje lembrei-me do meu Pai , que detestava que á sua volta houvesse crianças com fome; as crianças que brincavam comigo e que não tinham tido a minha sorte de ter Pais e irmãos que trabalhavam nas terras para me sustentar, ainda criança.
Hoje senti-me forte nas minhas convicções sociais, ( ainda estou para saber qual o motivo, porque me considerou humanista, o meu companheiro, camarada, Alex Campos, mas ele lá sabe!
Hoje parece-me ter escutado a voz de meu PAI; OLIVIA DÁ CALDO E BROA ÁS CRIANÇAS.
Os pais destas crianças, partiam de madrugada para os campos, (dizia-se que roubavam para dar de comer aos filhos,) e deixavam aqueles inocentes entregues ao destino e á fome e eu brincava com elas e não compreendia o seu drama, mas os meus pais sabiam e deixaram-me esta sublime inquietação de os recordar sempre, porque enquanto existirem Belmiros e outros miseráveis, podres de ricos e
nefastamente desumanos , meu pai e outros pais, são o meu orgulho e a frontalidade de lhes dizer que os amo sempre.
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