quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sairam da Igreja de S.Julião, Figueira da Foz, olhando para os seus umbigos!

Convém desdramatizar a cena, se no melhor pano caí a nódoa, restando-me a evidencia dos factos para não recorrer a nenhum ficcionismo, o que iria trair a essência desta incontestada verdade.
Telefonou-me o meu neto Gabriel, para que eu fosse assistir há  festa da sua comunhão, entre outras crianças,  dizendo-lhe; claro, claro, que vou
Ao chegar junto das escadarias, duas crianças brincavam na sua triste inoçencia ora subindo, ora descendo as escadas que dão entrada para o templo na Figueira da Foz
A mãe, uma mulher ainda nova, estava junto deles, na pior das humilhações, estendendo a mão há caridade dos crentes que entravam na Igreja.
Perguntei-lhe porque estava ali, sofrendo o desprezo dos que passavam e não a viam sequer, tão pouco um bom dia.
Tenho o meu homem doente em casa e vim a pé, desde o Helder dos Leitões, na subida para Brenha, com os meus filhos, sempre me dão algumas moedas por aqui.
Vai outra vez a pé para casa?
Vou sim;respondeu-me. No fim da festa do meu neto, eu levo-a e ás crianças, não me custa nada, disse-lhe.
Durante a festa das crianças, aquela cena não me abandonava, sentia-me inquieto num local, onde encontro paz, já que a mulher e as crianças, que eu não conhecia de lado nenhum, faziam agora parte das minhas preocupações e que era urgente dar-lhes rumo.
Fui dos primeiros a deixar a Igreja, perguntando-lhe se pretendia então que a levasse a casa, dizendo-me que só depois de receber as esmolas( que humilhação para quem dá e recebe) é que aceitava a boleia de regresso a casa.
Está bem, eu espero, disse-lhe.
Encostei-me a um canto de braços cruzados, olhando para os crentes que abandonavam o templo, enquanto a pobre mulher com as crianças em volta das suas pernas, estendia a mão a uns fariseus, que antes se tinham beijado, abraçado, bem lavados e cheirosos, tudo em nome do SENHOR.
Desceram as escadarias um a um ou em grupos, sorridentes, tinham confessado os seus pecados! Numa mão com 5 dedos, tenho quantos se dignaram dar-lhe uma moeda ou o bom dia, menos de nada.
É esta Igreja que olha e não sente, que o papa Francisco, quer reformar do alto da sua verdade cristã. Séculos de hipocrisia, luxo, mentira, porque a mensagem desta gente é vazia e por culpa dos padres que não sabem ou não querem testemunhar a boa nova.
Quando cheguei a casa nesse domingo, a minha mulher escutou desabafos, que neste espaço são impublicáveis, rigorosamente, impublicáveis, por isso eu admiro o Papa Francisco

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