segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Maria Mandele ainda sorri.

Frente ao Pingo Doce, lendo e relendo o que tinha á mão para matar aquele periodo de espera, enquanto a mulher Dília Fernandes sem as minhas pressões do já está, o que é que falta, vamos embora... sózinha fazia as compras no Pingo Doce, reparei na Maria que tentava vender o Almanaque de Santa Zita.
Fora do carro estava uma temperatura fria, mas dentro nem por isso e acabei por tranquilizar- me (não gosto de esperar) mas ao olhar em redor reparei no sorriso duma sra. de baixa estatura e pele ligeiramente escura. Fiquei depois a saber o seu nome Maria Mandele de 67 anos de idade e natural de Angola. Disse-me que desde a sua vinda para a Figueira da Foz em 1975, nunca mais voltou á sua terra, tão pouco sabe se a sua família vive ou não. Antes de falarmos e através dos vidros observei-a durante uns momentos, e vi a forma simples e educada com que abordava as pessoas para que lhe comprassem um livrinho, o Almanaque de Sta. Zita, e notei também pelos lábios que cantarolava baixinho, e sorria depois ao propor o pedido. Algumas compravam, outras nem se informavam do porquê daquele euro que era o valor do referido.E é pena, pois tratava-se dum auxilio para a Obra de Santa Zita que apoia raparigas carenciadas, e naturalmente como Obra de Bem Fazer necessita de fundos que sempre são escassos, e da dedicação de muitas Marias como esta, que sorria mesmo vendo o desprezo dos que passavam a correr sem querer reparar, e muito menos compreender o trabalho deste precioso voluntariado, modésto mas tão rico para com o seu semelhante.
Senti então o desejo de lhe falar, comprar o livro e saber coisas da sua vida, e porque fazia aquele trabalho tão ingrato e bonito, e ela falou, e repetia-me “olhe que não é Mandela” é Mandele. Sorria, sorria sempre, e eu senti-me feliz por a ter conhecido,esta Maria que contra ventos e marés,vai vendendo os pequenos livros para ajudar tão meritória Obra.

No silêncio da madrugada fui folhear o alamanaque, livro simples mas agradável, como são as coisas simples,e decidi transcrever dele estas “afirmações”.

Ser voluntário !

Ser Voluntário é ser Solidário
Ser alguém diferente da massa
Envolvente.
Pedaço de Céu, Astro Planetário
Clarão que ilumina a Alma da Gente.

Vai com passo firme, pois vai de vontade
D'alma e fronte erguida,consciência leve
Vai erguer a alma da humanidade
Dar de si àqueles a quem nada deve

Ao velho, à criança, dá a sua mão.
Ao triste, abatido, cura a solidão
Bom Samaritano, Herói d'amizade.

Por ele, este mundo, onde falta amor,
Converte-se assim num mundo melhor
Onde reina a paz e a fraternidade!

(Maria de Deus)

2 comentários:

  1. Ó sor Olímpio o sr. quando quer também fala de ternuras,nem sempre está a malhar naqueles que a gente sabe...
    Ainda há gente linda por dentro,esta sra.é uma dessas pessoas.Deveria haver muitas mais.

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  2. Dentro das minhas linitações, não falo por falar, mas procuro, isso sim e nas palavras o que sinto e magoa, ou muitas vezes me alegra.
    A Maria foi um encanto que me deu tranquilidade, por isso o texto. Malhar naqueles que a gente sabe? Claro que soberba é má companhia e esta democracia está cheia do que ela não merece no seu seio a democracia, onde todos somos iguais, naturalmente diferentes. Se alguns políticos fossem Marias, isto por cá seria melhor.Abraço

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