quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sempre que leio Hemingway, recordo a manhã de 2 de Julho, na Polícia Militar, em Belém, Lisboa. Cumpria o serviço militar mas com a sorte que caiu do céu, cortava cabelos e barbas na barbearia, livrando-me de muitos serviços da escala, mas aproveitei sempre os jogos do Benfica, em serviço da P.M., nesse distante ano de 1961.
Naquela manhã a noticia do suicidio de Hemingway, correu depressa pelo Quartel, sobretudo os que conheciam e admiravam o escritor americano nascido em 1899, em Ilinois. Claro que compreendem que não é minha intenção, historiar a vida e a obra do escritor, mas reservo a minha admiração pela sua coragem e aventureirismo de uma vida repleta de riscos, como aconteceu na Primeira Grande Guerra, onde foi ferido e se apaixonou pela enfermeira, resultando daí  o livro Adeus ás Armas, enquanto que na guerra civil de Espanha , escreveu um dia:"O fascismo é uma mentira engendrada por tiranos, de orgias pérfídas."Soldado, jornalista, correspondente de guerra, aficionado de touros , eu que não gosto de touradas, depois de ler Fiesta, acabei por compreender os que são aficionadas pelas corridas de touros, face á simplicidade da sua escrita.
Homem e escritor da liberdade, correu mundo á procura de emoções e vivências absolutas, quer na guerra, com as mulheres teve quatro casamentos e um deles foi em Cuba em 1946.
O Velho e o Mar, tem nos pescadores cubanos  a sua inspiração, na pesca ao espadarte, o enorme peixe arrastado pelo pescadores ao longo do mar e comido pelos tubarões.
Este livro foi um grande exito de Hemimgway, tendo vendido 5 milhões de exemplares e ofereceu aos pescadores uma boa parte do lucro do livro, uma informação do nosso guia. Por isso Hemingway é uma referencia em Cuba , e quando visitamos o bar que frequentou, com símbolos da sua estadia, fiquei sensibilizado, pois parecia que sentia o grande escritor perto da minha fugaz presença no bar em Havana.
Fidel de Castro, concedeu-lhe uma medalha de honra, mas Hemingway não gostou de lhe ter sido entregue ao Estado, a sua propriedade, coisas das revoluções, em Cuba ou noutro local.
Mas na manhã  de 2 de Julho de 1961, um domingo, Hemingway, levantou-se pelas sete horas da manhã enquanto a mulher dormia; carregou a espingarda com cano duplo, virou a arma e disparou, rebentando toda a parte superior do craneo. Hemingway  ainda hoje é uma lenda. Foi um apaixonado pela vida no limite, por isso doente e com dificuldades na visão, até na morte foi ele que entendeu ser dono !Para mim a memória sobre o escritor é sua leitura também, mas o homem, Nobel em 1954, deixou-nos o amor pelas causas da paz, porque viveu intensamente como poucos escritores o fizeram, correndo o mundo á procura da sua realização e de constantes perigos.

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