sábado, 15 de dezembro de 2012

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Há complexos estranhos, quando se escreve textos de opinião, que são uma forte componente do carácter de cada um, e depois a saída é para o anonimato!
Textos elaborados para um saudável contraditório nas opiniões que estimulam as ideias e abatem os preconceitos, mas o medo complica a transparencia do diálogo, porque encarcerados na certeza contra tudo e contra todos, não suportam o contraditório e os valores éticos que representam a valia das análises, chama-se a isto a democracia só das palavras e do medo, e não a dos sentimentos e das ideias que se desejam frontais e sem ódios.
O facto é que a nuance de se esconderem no anonimato, faz-me recordar o puto que fui, com outros, nas refregas dos pontapés e empurrões; quando passáres à minha porta parto-te o focinho de porco; adiando com a cobardia própria da idade o que devia ter sido assumido logo naquela altura, mas foi por isso que fui puto, e que saudades eu tenho...
Agora que somos homens feitos e sabemos o que pretendemos para o bem colectivo, que temos a liberdade do que pensamos e escrevemos sobre as diversas matérias deste país, não faz sentido falarmos de um projecto nacional, como é o Banco Alimentar, em que cada um tem a sua opinião, e envergonhados e sem coragem refugiarmo-nos no anónimato. Opiniões que se devem ter em conta, mas desvalorizadas porque não assumidas, o que é lamentável! São pessoas que devem ter as razões que lhes assistem para assim proceder, mas ninguém vai preso por discordar do sistema de como se ajudam as pessoas com o Banco Alimentar.
O mais chato é ficarmos sem saber que tipo de sociedade pretendem os meus caros anónimos. Estamos esclarecidos sobre os crimes sociais que os políticos cometerem ao longo dos últimos anos, ás vezes sinto vergonha de governações que levaram o país ao drama da fome em muitas famílias mas temos uma hipótese; ou uma revolução total ou votarmos num partido de esquerda como já faço, no partido comunista, para sabermos os resultados com novas estratégias e reformas,combatendo esta gente que não sente a desgraça do próximo, porque egoistas e fascistas.E que feliz eu ficava, se não fosse necessário o Banco Alimentar, num qualquer regime,onde todos tivessem o essencial para viverem, sem recorrer á solidariedade. Mas aceitem esta minha frontalidade por amor de CRISTO, não nos equivoquemos com teorias que sabemos impossíveis de concretizar e é essa a minha razão sustentada na experiência, talvez penosa experiência por conhecimento de causa, já que o socialismo prometido morreu, e ressurgir será difícil. Não esqueço o Mário Soares, que prometeu e enganou os pacóvios como eu que de boa fé acreditei, disso não tenham duvidas caros anónimos, já que os vossos idealismos de uma sociedade justa e fraterna em que os homens não sejam lobos de outros homens ,seria elevamente digno e humano; nunca vai acontecer, pois pelo caminho outros serão esmagados como agora acontece no actual sistema governativo,

5 comentários:

  1. OS POBREZINHOS
    TÃO ENGRAÇADOS
    PEDEM ESMOLAS
    COM MIL CUIDADOS

    TODOS SUJINHOS
    E TÃO MAGRINHOS
    A LINDA GRAÇA
    DOS POBREZINHOS

    DE PORTA EM PORTA
    SEMPRE ROTINHOS
    TÃO DELICADOS
    OS POBREZINHOS

    NÃO FAÇAM MAL
    AOS POBREZINHOS
    DEEM-LHES PÃO
    E TOSTÕEZINHOS

    OS POBREZINHOS
    TÃO ENGRAÇADOS
    PEDEM ESMOLINHA

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  2. Dizia alguém que sabia mais do que eu, que COPIAR ERA GROTESCO! Eu concordo.

    E usar uma poesia bonita dum poeta portugues, para produsir uma graçóla fácil, o que se chamará?
    Eu sei, mas não digo.

    Prefiro dizer a 1ª quadra do original.

    Os passarinhos tão engraçados
    Fazem os ninhos com mil cuidados
    Depois lá teem os seus filhinhos
    Os passarinhos tão engraçados.

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  3. Só agora reparei que escrevi mal, voltei para rectificar.

    Os passarinhos tão engraçados
    Fazem os ninhos com mil cuidados
    Depois lá teem os seus filhinhos
    Tão engraçados os passarinhos.

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  4. A direita mais conservadora e a extrema-direita das discotecas e sacristias divide-se entre os que elogiam a pobreza considerando-a um dom de Deus e os que as consideram a consequência do falhanço de gente de menores capacidades ou maus hábitos. Unem-se na forma de a combater, os mais devotos sentem-se mais próximos de Deus estando próximos dos pobres e por isso praticam a caridade, os mais liberais consideram que qualquer solidariedade é um estímulo à sobrevivência e reprodução dos mais fracos e um prémio à preguiça e à ignorância. Os primeiros usam os pobres como meio oportunista de à sua custa comprarem um lugar no céu, os outros compram um lugar na terra porque quantos mais pobres mais barata será a mão-de-obra, mais fácil será obter os lucros de que vivem ou esperam vir a viver.

    Quando a dona Jonet disse umas alarvidades muitos consideraram umas baboseiras de uma betinha, as críticas dividiram-se entre o gozo e o desprezo. MAS a senhora gostou do protagonismo e depois de recuperada a sua imagem à custa de uma mega operação de gestão de relações públicas conduzida pela Igreja Católica voltou à carga e defendeu a caridade por oposição à solidariedade. Curiosamente quando a dona Jonet deu consistência ideológica às aparentes baboseiras iniciais quase ninguém se indignou. Ninguém reparou que a dona Jonet parece querer assumir-se como a lamparina ideológica de um governo de gente que desde os tempos dos jotas nos liceus gosta de ser democrata em público e de defender as virtudes do fascismo em privado. Veneram Sá Carneiro em público e em privado são devotos de Oliveira Salazar.

    Ao defender a caridade a dona Jonet defende três coisas. Põe os pobres a render a seu favor e à custa da solidariedade pública sente-se mais próxima do Criador, quando ajudamos o Banco Alimentar contra a Fome também estamos a fazer uma colecta nacional para financiar a casinha da dona Jonet nesse condomínio de bem-estar eterno que é o Céu. Promove valores ideológicos que o próprio Salazar rejeitou e que estavam congelados no fundo de uma mina desde finais do século XIX, é uma tentativa da velha igreja de se aproveitar de uma crise financeira para regressar a um modelo social onde a pobreza estimula o poder do clero e o temor a Deus. Assume-se como orientadora ideológica de um governo de estarolas que não abem muito bem para onde vão, porque vão ou como vão. Alguém tem de lhes dar coerência e consistência ideológica sob pena de vierem a ser considerados amanuenses da troika.

    DO outro lado da barricada está a extrema-esquerda que se opõe à caridade, qu desconfia da solidariedade e que defende que o Alka-Seltzer de todos os males sociais é a revolução, processo em que se promove a purificação da sociedade eliminando ou reeducando os que se oponham à revolução. Uns defendem a conversão eclesiástica e a condenação ao Inferno dos mais renitentes, os outros colocam Deus à porta do Céu do Socialismo e o diabo armado de AK 47 junto à parede da execução.

    São as duas faces de uma mesma moeda, o conflito social e a revolução e esse é o problema de gente como a dona Jonet e mais esses facistazinhos de discoteca, estão defendendo valores dos finais do século XIX ou das primeiras décadas do século seguinte, mas ignoram tudo o que o mundo viveu entretanto. Pensam que com meia dúzia de polícias dados a verem filmes às escondidas na RTP conseguem reprimir os mais de dois milhões de pobres que temos se estes se revoltarem com o atraso ou insuficiência da caridade da dona Jonet, ainda não perceberam que os pobres são cada vez mais e, pior do que isso, começam a ter nas suas fileiras cada vez mais gente que era da classe média, gente com menos paciência, mais conhecimentos técnicos e mais capazes de dar coerência ideológica aos sentimentos de desespero. Estes palermas não percebem muito bem que estão conduzindo o país para a beira do abismo.

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  5. José Pacheco Pereira escreveu na revista Sábado, edição desta semana, um texto exemplar. Recomendo vivamente a sua leitura, que, além do mais, prova que o alinhamento político, ideológico ou partidário não tem que significar necessariamente cabotinismo, seguidismo, carreirismo e o fim da capacidade de pensar por si próprio (e isto vale para todo o espectro político-partidário). Diz ele, a determinado passo: Este tipo de ideias sobre a pobreza são ofensivas da dignidade humana e implicam uma relação humilhante entre quem dá e quem recebe, em particular quando a caridade se mistura com conselhos de como se deve viver, uma arrogância moral insuportável face a quem não pode viver como queria. “Leve lá uma esmola, mas não a gaste em vinho”.

    Nesta mesma semana, numa reportagem da RTP sobre a pobreza e as crianças, Isabel Jonet explicava – e sem se rir, reparem! – que as crianças que têm como única refeição a do almoço na cantina escolar não passam fome; passam algumas carências alimentares; fome passarão as crianças de África, que comem, quando muito, uma tigela de arroz por dia! Entende-se a filosofia subjacente: sendo assim, a caridade resolverá os problemas, que não são de tão grande monta assim. Então não dizia, já, o banqueiro, acerca do povo e da austeridade: ai aguenta, aguenta? Aliás, eu próprio já aqui expliquei, há dias, que o mal foi terem deixado o povíléu patusco e labrego habituar-se ao leitinho matinal, aos hambúrgueres e outras guloseimas, a frequentar a escola e a aprender a ler, tudo levando a que agora tenham de ser reajustados em baixa. Valh-nos que não são muito recalcitrantes!

    E se essas crianças pudessem dizer e explicar-nos – e já agora também aos donos da caridade – se o que sentem é carência alimentar ou, ao invés, é mesmo fome?!

    Quando as barrigas estiverem ainda mais vazias, e forem vergonhosamente muitas, vão ver que as almas caritativas arranjarão outros argumentos e justificações. Ao tome lá, mas não o gaste em vinho, acrescerá o ora essa, ainda ontem lhe dei, já o comeu todo? lá está outra vez você no vício. E então, à semelhança do que nos contam Aquilino Ribeiro e Miguel Torga acerca dos bandos de pobres que vagueavam de aldeia em aldeia, os novos pobres terão que vaguear também, e de mostrar as mazelas, as peles ressequidas, as feridas e os dentes escorbutados, condição necessária para comover as tais almas caridosas e sensíveis. Vá lá, vocêzimho, tome lá um prato de sopa, e não abuse, volte prá semana que o seu mal não é fome, é só carência alimentar.

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