quinta-feira, 12 de maio de 2016

O homem novo.

Intemporal e sem a responsabilidade semântica dos eruditos, mas carregado de vida, já publicado no Diário de Coimbra, Beiras e na Voz da Figueira, preciso(precisamos) de acordar para o que eu considero o meu argueiro, sendo que o chapéu serve a quem serve?
Segui a faculdade das barbearias e dos cabeleireiros, sentenciada pelos meus pais, que cedo perceberam que o rapaz não tinha vocação para mais nada, muito menos para as letras, onde ainda hoje me atropelo,
Diziam os meus pais, no lugar do Casal Novo do Rio, com gentes que pouco sabiam ler,( mesmo assim deixaram-me bons exemplos) que o miúdo não podia trabalhar em profissões, cientificamente complexas, já que,inclusive, a matança do porco o transtornava.
Também o sol tórrido e as geadas nos campos do Mondego, não seriam apropriadas a um miúdo fraquito de corpo, onde o trabalho de sol a sol, queimava os mais fortes.
Feita a analise  dos riscos fisicos do rapaz, só havia uma saída no seu futuro.
Barbeiro, alfaiate, merceeiro, sapateiro, no leque de profissões, debaixo de telha, fugindo assim aos trabalhos violentos dos campos.
Em Montemor, as 5 barbearias, serviam o pais, onde muitos jovens partiam com a sua mala de sonhos, eu fui um deles.
Entre os piolhos e outros problemas capilares, que só mais tarde vim a perceber, a minha presença na faculdade das barbearias, revelou-se demasiado indisciplinada, roçando a irracionalidade de um formato caricáto, diria grosseiro, levando o mestre  a expulsar-me da sala, perante o goso dos outros formandos, o que me sentia inimigo de mim próprio, mergulhando no meu isolamento , austero e errante.
Pensava eu que o meu umbigo era o centro do mundo, dividindo para reinar com o meu manual de sabedoria, desvalorizando tudo e todos, era o que se chama na voz do povo, um triste convencido.
Até que um dai o meu mestre, triste com o meu comportamento, porque perseguidor, chamou-me ao seu gabinete, dizendo-me das boas,Era  um nado-morto que ninguém respeitava e olhava com despeito.
Vais ficar a falar só e com os teus botões, no teu silencio doentio e egocêntrico, abandonado, toma cuidado e partilha os sentimentos da vida com os outros. Foi  como que um soco no estomãgo, e na minha mesquinha intolerância , percebendo do mestre  que existe um lugar  onde todos cabem com as suas diferenças  e eu também, com esta lição que agora vou por em prática, unindo as ideias e discutindo o seu contraditório.

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