Luís Moço, completará no próximo dia 1 de Setembro 2012 , 85 anos de idade, dizendo-nos que a sua vida no mar, atingiu mais de 60 anos de actividade, pela Gronelândia, Terra Nova, Mauritânia, Açores, África do Sul, Madagáscar, Canal do Suez, Angola, e depois de enumerar estas viagens, ainda tinha duvidas se ficava alguma por mencionar nesta interessante conversa.
Foi assim que desde os 14 anos se iniciou na vida marítima , e quando comecei a escutar a sua história pedi-lhe para que me deixasse contar-vos a riqueza deste pescador laborioso que me habituei a respeitar há alguns anos , não só pelas vincadas rugas,sobretudo pelo trato que manifesta com todas as pessoas na Cova Gala.
Júlia Quarta, o veleiro em que apanhou grandes sustos, numa altura em que não existia comunicação via-rádio, foi em tempo de borrasca, uma casca de nós, ao sabor do destino, apenas e só por estratégia marítima , com uma vela, que permitia ao veleiro aproar, talvez penso eu, conseguir mais equilibrio sobre ondas elevadas e fortes tempestades.
Luís Moço, ao falar da sua longa vida de sacrifícios , quase que nos pára a respiração, tal foi a autenticidade de factos ocorridos em situações de desespero, quando notava,por exemplo, os tubarões a perseguir o bote, tentado pelo peixe que se acomodava na pequena embarcação, sobre a borda.
Se não existiam meios para prever o mau tempo e fugir dele para portos seguros, existia sempre alguém que olhando o céu, dizia: Olhem as sarapantas, camaradas, amanhã vamos ter tempestade e ventos fortes!E era certo e sabido que o inferno era o prato do dia seguinte , que voava das mãos, sem que houvesse tempo de mastigar a comida, tendo em conta a balburdia a bordo com as alterações do tempo.
Se mais não posso ou não não sei fazer para dignificar esta vida, ficou aqui o relato com certeza da minha compreensão das vidas marítimas , tão nobres, e com reformas que são um insulto a quem tanto trabalhou e sofreu, produzindo riquezas mas só para alguns.
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