Há dias o D.C. publicou uma notícia sobre o Casal Novo do Rio, a (Barca) a poucos minutos de Montemor-o-Velho. Lugar profundamente rural e com poucas famílias nas décadas de 40/50. A luz só muitos anos depois de eu ter partido à aventura de uma vida melhor, é que iluminou aquelas gentes , já que água nunca faltou , porque o rio Mondego ,estava ali pertinho e límpido nos quentes verões, enquanto no inverno as suas tormentosas enchentes traziam enormes dificuldades aos que trabalhavam a terra de sol a sol. Os serviços nos campos paravam e as gentes pediam o milho emprestado aos lavradores mais afortunados, porque da sua farinha se amassava a broa que matava a fome.Mas o barracão armazenava grandes quantidades de sal, que as barcaças traziam da Figueira da Foz, rio acima, numa altura em que o rio Mongego era navegável, entre Coimbra e a cidade da praia da claridade. O barracão era de madeira e um símbolo do pequeno lugar. Os putos viviam uma intensa curiosidade em espreitar o que ele continha por dentro. Os putos viam então uma enorme quantidade do branco produto, coisa rara em mentes limitadas de horizontes. O unico rádio no lugar era movido a bateria , colocado numa prateleira na taberna do Ti João, o unico ponto de encontro dos homens do meu lugar, que bebiam vinho e jogavam ás cartas, enquanto a juventude bailava ao som da concertina e da iluminação a petróleo, noite dentro, porque o cego de Quinhendros , de seu nome Manuel, era o unico artista convidado. Agora a junta de Freguesia de Montemor-o-Velho, repôs a imagem do velho barracão, simbolizando gentes e uma cultura que não existe, e houve festa no povoado. Algumas pessoas desse distante tempo ainda vivem no lugar e recordam a Barca e o antigo barracão da minha infância. Apesar das transformações urbanas do presente , de excelentes vivendas e apartamentos, o Casal Novo do Rio, tem a sua história longa e sofrida que o tempo vai sumindo, inclusive, a carroça do Ti Alberto, que era atrelada a um boi ou a uma vaca, apenas, mas o suficiente para fazer a distribuição do sal pelas terras de Montemor.
A cadela Farrusca e os seus filhotes foram companhias que ainda as recordo. Estamos em cima de uma taipa que servia para proteger o milho e o feijão, da humidade das noites.A foto é do padre João Direito,visita da casa e das matanças do porco.
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