domingo, 3 de julho de 2011

Que raio de democracia é a tua, ó meu?

As férias e a própria vida, têm as suas surpresas, mas este encontro em Portimão, com o meu velho amigo Luis Sousa,tambem montemorense, colega de escola e catequese, e a vivência no Atlético Montemorense ,enquanto jovens, levou-nos afazer contas e já lá vão os seus 60 anos !
O Luis estudou na Figueira e em Coimbra , casou num dia de sorte, e á custa do seu trabalho e talento, por lá anda no Algrave , a "regar" os seus negócios imobiliários. Eu, e sem inveja e falsas humildades, entrei aos 12 anos na Universidade, cursando nas barbas e nos cabelos, e por cá fiquei até aos 70 anos , o que não abona a minha inteligência, mas nem por isso e com esta diferença de peso monetário a nossa velha amizade se diluiu no tempo.
No divertido jantar falou-se de tudo. Montemor foi o mais pontuado, depois o Benfica e o Sporting, cada um ao seu, mas o Luis, no verde em cima da mesa e na simpatia pelo seu clube.Partidos e a política , a crise para alguns, pois nós não nos podiamos queixar, muito menos o meu velho conterrâneo, tido e achado em excelente prosperidade e que Deus o conserve porque ele merece a sorte que lhe tem dado muito trabalho.Sabia há muitos anos que o Luis militava no C.D.S., que o faça com gosto, e que ainda vive com o receio de que os comunistas não tenham perdido o habito de comer as criancinhas ao pequeno almoço.Agora o que não esperava,era a sua preocupação com o meu voto nas últimas eleições, devidamente informado com a visita ao meu blogue, arrasando-me com as suas interrogações e desejando saber se eu tinha virado totalitário, que mais aquilo da minha ida a Cuba, de onde vim deprimido com a pobreza do povo e o precário desenvolvimento social, dos trapos que deixei aos meus conhecidos médicos, uma verdadeira troika de apertos civicos.
Tu foste votar nos comunas, tu que és contra ditaduras, é pá não te conheço," dizia o meu velho amigo Luis Sousa e sempre na mais franca conversa entre as nossas mulheres que também davam o seu palpite. Tanto eu com o meu velho amigo, vimos do tempo da guerra fria , entre russos e os americanos , é verdade, mas o tempo mudou imenso tudo e o montemorense ficou agarrado ao fantásma do medo dos comunas, enquanto a terra não parou de girar e girar sempre.
Olha, meu caro, tu ainda vives no tempo da pedra, parece -me que pelo país não se passou nada nesta pouca vergonha dos assaltos ao poder e das quadrilhas partidárias, dos barões e do socialismo democrático do Sr. Soares , com esta mentira que foi o 25 de Abril, mas só com os sacrifícios dos que vivem do seu trabalho. Olha pá: não julges que faço a defesa pura e dura do comunismo, vencido e envelhecido. Não tenhas medo dos comunas porque fazem parte do processo
democrático com os mesmos direitos que tens no teu partido. Além disso, eu não tinha saida para o meu protesto, ou não votava e assim perdia os valores da minha contestação, ou então assumia de caras , como vim a fazer, o meu voto no partido comunista e feito em consciência, podes crer..."
O que restou deste jantar e deste encontro tão sentido e leal de uma velha amizade , foi que se os homens quiseram,sendo diferentes , podem ser fraternos e cordiais, num encontro surpresa e que nos marcou com alegria e vontade de o repetir, quem sabe se para o ano há mais! E já na despedida, com alguns metros de distância, ainda lhe gritei em recípocas risadas: "Que raio de democracia é a tua,ó meu? "

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