quinta-feira, 15 de agosto de 2013

No pedestal foram escritas as palavras...Assassino e fascista.


O Cónego Eduardo Melo, caminhava pelas ruas de Braga, vestido a rigor o que me parecia demasiado fúnebre, propondo aos citadinos o seu culto de personalidade, numa fase em que ainda não tinha chegado o 25 de Abril de 1974.
Figura destacada da Igreja bracarense, gostava de se estimular com os que se reduziam ao seu beija -mão, hábitos estranhos para mim que não sentia naquele aparato, a humildade significatica do cristianismo O poder da Igreja em Braga naquela distante época, teve dificuldades em perceber os valores do 25 de Abril, festejado ruidosamente pelo povo, mas existiam os cónegos e uma profunda tradição milenária, na qual o cónego Melo, era em boa verdade um pastor inadaptado aos ventos de mudança, daí os complexos caminhos que escolheu para proclamar o Evangelho, apenas e só seu, face ao respeito da liberdade para todos que não quis entender. O medo  da revolução no verão quente de 1975, foi a consequência de uma Igreja que não estava preparada para a libertação e a dignidade da mensagem cristã, o caciquismo era intolerável e o Cónego Melo, assumiu o pior caminho do Evangelho contra a democracia que não suportou, envolvendo-se em guerrilhas que em nada se aproximavam ao cristianismo, onde tinha um vasto programa para se manifestar pela justiça social da Igreja Católica. Recordo uma cena brutal, alta madrugada, na minha rua, entre muitas outras que faziam da cidade um barril de pólvora, porque os fascistas da direita, tudo faziam para manter o seu terror e prejudicar o curso de uma revolução inesperada e que odiavam, isto porque outros valores surgiriam e o poder ficava ameaçado Acordei com uma forte rajada de metralhadora sobre a enorme montra da livraria do historiador Victor de Sá, comunista perseguido naquela altura do verão quente de 75 Quando vou a uma das janelas da minha casa e vejo dois carros já em fuga e a montra desfeita aos bocadinhos, percebi mais uma vez o radicalismo e o terror numa cidade que continuava a viver momentos perturbadores e nas ruas se gritava fascismo nunca mais. Foi em Braga e no teatro Circo, que ouvi o aldrabão do Sr Mário Soares, a falar do socialismo democrático, ai temos a mentira em todo seu esplendor nos dias de hoje.Volvidos 39 anos, o Cónego Melo, que faleceu em 2oo8, volta a ser uma figura polémica em Braga. A sua mensagem cristã foi sempre controversa, porque em vez de aproximar o rebanho e transmitir-lhe o verdadeiro caminho da paz, preferiu a via negativa de um cristianismo que jamais entendi e muito menos hoje que estou a cair de podre!!!


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