sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um exemplo de como é a amizade.

No dizer de Camilo Castelo Branco, amigo é uma palavra profanada pelo uso e barateada a cada hora, como a palavra de honra, que por ai anda desvirtuada.
Estou de acordo com a máxima do escritor. Porque não é amigo quem quer, mas aquele que pode manter esse caracter em relação ao outro. Ser amigo é compreendê-lo, desculpar-lhe os seus erros, mostrar-lhos, aprender com as suas ideias, mas sem que a zanga se sobreponha, ao ponto de fazer acabar a estima, a  que chamaram amizade. Por isto mesmo, ser amigo envolve também uma enorme responsabilidade, mas que os amigos de verdade nem nisso pensam, porque aquele sentimento quando existe e é autentico, está isento de toda e qualquer programação. Somos iguais e todos diferentes, daí as formas de pensar de cada qual nem sempre coincidirem; os assuntos são tantos e tão diversos, nomeadamente sobre politica, religião, futebol, e mais e mais... é aí que a amizade em silencio fala alto, porque embora discordando, e expondo ideias diferentes,perdura o respeito e nunca a zanga e o ódio? 
Também tenho um amigo a quem estimo de verdade, é uma amizade antiga, já que em mim actualmente a designação de antiga começa a aparecer todos os dias. 
É uma amizade sem fantasias de palavras estudadas. Nem sempre estamos de acordo, perdemos tempo (ou ganhâmos?) em enormes conversas cheias de contradições, visto que ele valoriza o Partido Único, admira o Fidel de Castro, e fala do Che com emoção . Tráz no carro as musicas do mítico guerrilheiro, e no seu conceito ele será eterno! Claro que é a sua opção e que eu respeito e até gosto de ouvir, mal fora se tivesse complexos dessa ordem.
Vejam bem que me acusa de ser admirador dos americanos e até da C I A. mas é apenas para me chatear e ter argumentação,( que o que eu quero é abrir salões para gente rica,) pois sabe que sou contra todos os tipos de perseguições, então policias de estado não tenho nenhum acordo com ele Sonha com um comunismo da velha escola do Fidel e eu digo-lhe de caras que para fascismos já tive o Salazar, e foram assim os nossos intensos contraditórios .
Fico com as minhas opiniões sobre as diferenças entre um Estado comunista e uma Democracia, a qual prefiro sem a menor duvida, e só lamento os crimes que se cometem por falta de respeito para com a Liberdade, que em Democracia os povos usufruem. Confundem Liberdade com Libertinagem, seguem a segunda, e aí, adeus equilíbrio e respeito pelo que deve ser respeitado.
Mas em relação ao meu amigo que de vez em quando aparece, e daquela vez chegou ainda mais falador, só que cada um de nós estava mesmo teimoso, ambos queríamos ser donos da razão, neste caso da nossa razão, que era como sempre desigual. A conversa aqueceu... Eu com a habitual frontalidade, ia contrariando a sua convicção e argumentação, e a certa altura receei que aquilo terminasse da pior maneira. Tal não aconteceu, mas percebi que se despediu um tanto mal humorado.
Daí a largas semanas foi com satisfação que o vi entrar no meu salão. Nada tinha mudado. E veio a pergunta: quem paga hoje o almoço?
Respondi que pagavam sempre os mesmos... E fomos almoçar; recordei a divergência de opiniões e muitas, mas valeu a pena pelo facto de não termos sido falsos e profanado as palavras em tantos anos de convivência.Afinal se tenho inimigos que sejam de melhor qualidade, que não sugem a água que beberam, pior deles e das suas consciências, porque este nosso exemplo é tão verdadeiro que se solidificou mais nas diferenças e na amizade que continua de pé.


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