sábado, 5 de abril de 2014

Riscos de vida na mágica manhâ de Abril.

A minha mulher tem uma constante informação no dia a dia, da Antena Um. A rádio pública é a sua “alma gemea”, gosta de estar informada sobre o que aconteceu a este país, Agora também vai votar comigo e já se sabe em que partido, pois cá em casa regressámos ao tempo do jornal Republica, dos anos 60, leitores nessa distante época, sofrendo e contestando a actual situação do país.
Já sei que ao almoço,( aquele bocadito juntos ) tenho sempre  casos da vida, alguns  de pessoas  heróicas e sem medo, que justificam a sua informação, dizendo-me que precisa de desabafar comigo.
Sabes quem morreu? Ou então...Que pouca vergonha de gente politica. Tantas conversas de impacto, servidas na mesa, em rápido encontro em vidas que vão indo todos os dias.
Desta vez a sua informação, levou-me a uma secreta emoção e revolta...Não me digas nada que estes ingratos não souberam honrar a memória dos que correram riscos, na madrugada do 25 de Abril, disse-lhe com o meu reconhecimento ao recordar os militares que deixaram as suas mulheres e os filhos em casa, e  avançaram para vençer um monstro com uma idade histórica de perto de 5o anos, perigoso porque o sangue do ódio lhe corria nas veias.
Desta vez a Antena Um, relatou a coragem de um furriel (ligado ao movimento dos capitães de Abril ) tinha abandonado o quartel em Lamego, dirigindo-e para a Figueira da Foz, assumindo secretamente a sua envolvência na noite mágica há tanto esperada, enquanto eu dormia tranquilo na minha cama, apenas sonhando e esperando que os outros me restituíssem a minha  liberdade.
Em Lamego tinham ficado os filhos e a mulher do furriel. Nada disse há família o corajoso militar, correndo o risco de nunca mais vir a dar-lhes o terno beijo, porque na madrugada se jogava o destino de uma revolução que foi de cravos, mas podia ter sido de sangue.
Não me digas mais nada  mulher ( já com o peso da gratidão em cima da minha emoção ) pois estes gajos não souberam honrar a memória dos que correrem riscos de vida na manhã de Abril, como foi  o caso do furriel de Lamego, e por aqui ficámos de conversa sobre heróis , que muitos outros mais tarde se aproveitaram daquela coragem, veja-se os corruptos e a mendicância pelas ruas, são tristes realidades. Que remorços tem esta gente, que governos tivemos, onde estão os culpados, não podem estar no partido comunista que nunca foi governo e esta é uma verdade que devemos assumir sem preconceitos, O tempo das ditaduras comunistas acabou, apesar de haver uma ou outra, mas em Portugal, temos um quadro parlamentar, em que um governo de esquerda pode e deve alterar este triste rumo e há que votar nele já a seguir.
Aproveito para dizer que esta minha atração pela liberdade ( o que me resta de Abril, dolorosamente o reconheço ) leva-me a uma constante luta pela justiça em todas as suas frentes, aperfeiçoando a minha relação com os outros, porque sinto que a liberdade  é  humana e social. Juntos devemos procurar o bem e o melhor há nossa volta, em tudo e para todos, porque Abril me traz sempre o vento da esperança e dos valores em que ainda acredito.Não é propriamente os partidos e  a politica que me sustentam, mas a prática dos exemplos, começando por mim e por ti, se possível hoje. Porque Abril é uma data que infelizmente muitos não a sentem, muito menos a merecem pelas razões conhecidas e que devemos combater, as fraudes e as desonestidades que acabaram por fazer sofrer os mais fracos da sociedade

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