Foi necessário comunicar diariamente com essas sacrificadas gentes que ganham a vida, entre o imenso mar e o céu, para perceber a sua extraordinária resistência física e, consequentemente, os constantes riscos das suas vidas, pois só agora tenho noção desse trabalho, quantas vezes penoso.Foi necessário, de verdade, escutar mil e umas histórias destes "velhos homens do mar", na Cova Gala, Figueira da Foz, para me emocionar com as famílias dos pescadores, via T.V., quando em Caxinas souberam que os seus familiares estavam salvos, depois de vários dias à deriva no mar.
Vem, vem depressa ver esta alegria das famílias dos pescadores em Caxinas, dizia-me a minha mulher, quando nas calmas, pretendia entrar em casa para o almoço. Ficámos os dois ali sufocados diante da T.V., a minha mulher com a lágrima no olho e eu sem palavras, face à comovente cena de alegria e choro de contentamento das famílias dos pescadores de Caxinas.
Por mim que tenho receio das ondas alterosas na praia, não imagino o que é viver numa balsa, à deriva e por vários dias, apenas com a esperança de que alguém chegue para os retirar daquela dramática situação.
E por comunicar diariamente com a comunidade piscatória , no meu Salão, as conversas dos últimos dias recaíam sempre naquele terrível pesadelo. Escutei as mais variadas hipóteses do que poderia ter acontecido aos 6 pescadores, até que um cliente já idoso como eu, levantou a mão direita na minha direcção e sentenciou: Sabe Olimpío, o mar é como os falsos amigos, à primeira borrasca não perdôa, engole tudo e todos.
Fiquei a pensar na sabedoria do velho homem do mar e decerto tem a sua razão, porque o mar não se conhece a si e muito menos os que nele navegam.
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