quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vidas no mar e sem segredos, com Domingos Matias



São conversas soltas e sem segredos porque nunca houve espaço para conversas de nada, mas sim sobre  a coragem do trabalho e da sobrevivência, quando os escuto  fico preso elas, estes pescadores que enfrentavam na pesca do bacalhau os piores sacrifícios para ganhar um salário de quatro centos escudos, em quatro ou cinco meses. Domingos Matias, nasceu em 1939 na Cova Gala, e aos 18 anos sentiu de perto o pavor do naufrágio, com os seus 30 colegas de campanha, não fosse o Gil Eanes, o barco hospital, agora ancorado em Viana do castelo, a salvá-los da dramática situação. Depois teve mais três ou quatro sustos a valer, sempre com a medonha arrogância do mar que não conhece os amigos, mas sobreviveu sempre e durante 27 anos de teimosia e coragem, como um toureiro que enfrenta os cornos de um touro, sem medo ou  cobardias.Estes homens do mar põem-me em sentido como um soldado em frente a um capitão,escuto-os religiosamente porque são tão verdadeiros no que dizem que se aproveita tudo das suas histórias.Depois Cabo Branco, com a mesma ruindade, o mar cão e safado nos maus tratos para Domingos Matias e colegas da safra, de manhã à noite , pois a dureza do trabalho, ainda hoje é recordado por todos os que navegaram nas águas do seu destino. Aljezur, Trópico, Polo Norte, Ilha Graciosa, barcos e vidas sem segredos, onde muitos pescadores se distanciavam a três a quatro milhas , e se perdiam para sempre e por lá ficaram.

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