sexta-feira, 19 de junho de 2015

Sonhei tanto, tanto.

Não é fácil esquecer a minha matriz social, justificadamente digna, é certo, mas potenciada num crescimento rural, de primitivas limitações económicas, culturais, vencidas a pulso e na aventura da vida, Sonhei tanto em noites iluminadas a petróleo, que ao acordar na minha primeira cidade, a Figueira da Foz (14 anos, barbeiro) onde a luz eléctrica e as casas de banho, me encantaram, jurando para sempre a minha contestação social, nas suas  estupidas diferenças, apoiadas por homens rudes e anti-sociais, já naquele tempo poderosos, também desprovidos de sentimentos de partilha.
Julgava eu, inocentemente, que virava o mundo, correndo agora ao conhecimento daquelas causas, tornando-me cada vez mais rebelde e preso á minha matriz e na sua identificação. A cair de velho  e acordado para estas  cruéis realidades na politica, no futebol, a corrupção dos ricaços, verifico outra vez as minhas gentes tramadas como antigamente e agora cada vez mais injustiçadas. Chego, então,  a ter saudades de ter sonhado tanto, tanto, pelo facto de não ter tempo para mais sonhos, face ao que nunca imaginei para os dias de hoje, quando iluminado a petróleo.. 

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