quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dão-me coices e pontapés

Estava sentado no banco fotografado em frente da Escola Primária, na Freguesia de São Pedro, quando passei por ele e lhe disse bom dia.
Percebi que precisava de falar e de alguma coisa. Parei. Ouvi e falei com ele. O que se aprende com estas pessoas das ruas e da sua vontade de viver, humilhados e desprezados, assumem o seu caminho
Quero ir para Leiria e depois para a minha terra, Ourém. Pode ajudar-me? Nunca perco uma conversa com estas pessoas, Não para usar a sua mendicidade como escudo da caridadezinha, (que detesto ) mas porque estas pessoas me transmitem vida, hábitos,coragem e imensas aventuras pela estrada da vida. São diferentes mas iguais a mim, estas pessoas que levam coices e pontapés, tal qual me disse o viajante do sol e do vento. Cheguei à conclusão que este cidadão andarilho, é assim por vocação. Gosta de se abandonar  ao destino e aos coices que a vida dá, talvez com problemas de ordem mental ? Seguramente  uma pessoa que leva  pontapés, dizendo-me que as pessoas são maldosas e racistas, até me negam uma garrafa de água,(porca miséria digo eu) contrariando o belo poema de Ary dos Santos. Somos todos da humanidade e filhos do mesmo ventre.
O que me pareceu neste andarilho da vida é que gosta desta roupagem de mendigo.Estava desejoso de chegar a casa depois de a ter deixado há dois meses, para tomar um bom banho, fazer a barba,  esperando receber a reforma de 300 euros.
Trago-vos a vida e jamais o ridicúlo destas pessoas, preferindo chocar a semântica das palavras dos escribas que não as sentem? O que somos nesta tristeza e alegria de vivermos o quotidiano, mas nunca a presunção de me sentir superior a estes cidadãos, coisa estúpida e vaidosa, miseravelmente estúpida, porque o genial Ary dos Santos , tinha toda a razão de sentir e dizer o que lhe ia na alma, somos filhos do mesmo ventre

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