O MONDEGO.
Autor: Santiago Pinto.
A paisagem recortada pelo rio
Que das Serras vagueando até á Foz
Vem regando mormurando em sua voz
E as searas já não secam no estio.
Em Coimbra,capas negras são saudade
Que envolvem as guitarras soluçando
E o Mondego docemente vai cantando
As baladas que só ele bem as sabe.
A caminho do mar alto onde morre
Ele afoga suas máguas sem cessar
Suas preces são ondas a marulhar
Dessa água que tão triste já não corre
Tantos anos já passados e o Mondego
Corre sempre nesse curso que Deus fez
No seu seio morrem lágrimas de Inêz
Dos amores que só ele sabe o segrado.
E D. Pedro que chorou a sua mágua
Junto ao rio a tristeza embarga a voz
Suas lágrimas vem correndo até a Foz
Tons funérios toca o sino "A velha cabra"
No Castelo de Montemor escreve história
Na Alcaçova D. Afonso dá sentenças
São os tempos em que a fé e só as crenças
Escrevem páginas de mistério e de glória.
E o Mondego testemunho ainda vivo
Tem segredos que não sei e que não digo
Desses tempos em que a fé era maior.
São as lendas são histórias aos bocados
São batalhas, são memórias são pecados
Que a história escreveu em Montemor.
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