terça-feira, 21 de agosto de 2012

As sardinhas do Ti Camilo de Jesus.. 1957.

Não tenho a certeza se a minha memorização, sobre a minha longevidade de vida me transmite serenidade, se recordar a infância e a juventude no meu lugar do Casal Novo do Rio, Montemor-o-Velho. Sinto  que ao viajar por lá em pensamento, sobrevivem  velhas recordações da minha matriz social, das minhas gentes e do Ti Camilo vendedor de sardinhas, também poeta popular, que Santiago Pinto, fazia publicar os seus versos no Jornal de Montemor.
Há quem diga que na velhice se regride á meninice, que o seja: Porque prestar a minha memória ao Ti Camilo,e a todos os Camilos e  Camilas, desse distante tempo, é um ato de justiça a esse povo fantástico que nada exigia ao Estado, que não sabia a linguagem dos subsídios.
O Ti Camilo tinha família para sustentar numa terra de ofícios e lavoura, na função do pão que se ganhava mas foi um exemplo de coragem, pedalando com a sua pesada bicicleta , ente Montemor e a Figueira da Foz,regressando depois a Montemor e ao casal Novo do Rio, com uma caixa de sardinha, amarrada no suporte, como que triunfante com a sua corneta , quando chegava ao meu lugar do Casal.
As pessoas que o esperavam compravam o peixe do seu negocio, e o Ti Camilo, inundava aquela gente com simpatia e uma dignidade que hoje lhe tributo sem favor.
Fui cliente do Ti Camilo. Comprava-lhe  25 sardinhas por vinte e cinco tostões e corria a levá-las á minha saudosa mãe Olivia, que as assava,  ou ainda as fazia com cebolada, sempre com broa de milho e no fim um trago de água. Uma infância e juventude, que ainda hoje não tenho a certeza se a recordo com serenidade, porque deixou as  suas marcasj, já que por aí a sociedade está ainda cheia de Camilos e Camilas, se ontem foi assim e hoje continua a aventura dos que vivem com nada e nos deixam exemplos de vida e trabalho. 

Um comentário:

  1. Boa tarde, sr. Olímpio! Quando estive no seu salão a acompanhar a Dra. Álea Paula, vi o original desta imagem das sardinhas e, tal como lhe disse na altura, vim espreitar o seu blog. Quero dar-lhe os meus parabéns, porque escreve muito bem, revelando grande sensibilidade, capacidade de observação do mundo e sentido crítico e de humor! Força, continue! Abraço amigo, Mª Luísa Azevedo

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