Há quem diga que na velhice se regride á meninice, que o seja: Porque prestar a minha memória ao Ti Camilo,e a todos os Camilos e Camilas, desse distante tempo, é um ato de justiça a esse povo fantástico que nada exigia ao Estado, que não sabia a linguagem dos subsídios.
O Ti Camilo tinha família para sustentar numa terra de ofícios e lavoura, na função do pão que se ganhava mas foi um exemplo de coragem, pedalando com a sua pesada bicicleta , ente Montemor e a Figueira da Foz,regressando depois a Montemor e ao casal Novo do Rio, com uma caixa de sardinha, amarrada no suporte, como que triunfante com a sua corneta , quando chegava ao meu lugar do Casal.
As pessoas que o esperavam compravam o peixe do seu negocio, e o Ti Camilo, inundava aquela gente com simpatia e uma dignidade que hoje lhe tributo sem favor.
Fui cliente do Ti Camilo. Comprava-lhe 25 sardinhas por vinte e cinco tostões e corria a levá-las á minha saudosa mãe Olivia, que as assava, ou ainda as fazia com cebolada, sempre com broa de milho e no fim um trago de água. Uma infância e juventude, que ainda hoje não tenho a certeza se a recordo com serenidade, porque deixou as suas marcasj, já que por aí a sociedade está ainda cheia de Camilos e Camilas, se ontem foi assim e hoje continua a aventura dos que vivem com nada e nos deixam exemplos de vida e trabalho.
Boa tarde, sr. Olímpio! Quando estive no seu salão a acompanhar a Dra. Álea Paula, vi o original desta imagem das sardinhas e, tal como lhe disse na altura, vim espreitar o seu blog. Quero dar-lhe os meus parabéns, porque escreve muito bem, revelando grande sensibilidade, capacidade de observação do mundo e sentido crítico e de humor! Força, continue! Abraço amigo, Mª Luísa Azevedo
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