ao lado da Figueira da Foz. Anda na apanha do berbigão, que não é um trabalho fácil de aguentar, e dizia-me ele em geito de desabafo que somos um país de pobretanas; falava enquanto eu lhe aparava o cabelo.
Assim como que conformado com a sua vida, foi acrescentando...- Olhe,sabe, desde que se ganhe uns cobres com os berbigões, já me anímo, porque afinal o que hei-de fazer? É a vida de trabalhador pobre, andei tantos anos no mar e a minha reforma não dá para nada, só em medicamentos para mim e para a mulher, vai quase todo para a farmácia.
Eu ouvia-o com atenção, e senti-me com sorte, um felizardo, por ganhar a vida debaixo das telhas, sem chuva vento ou sol a encomodar-me, mas sinto as razões e os lamentos deste povo corajoso, e aflige-me conhecer de perto como somos um país onde a pobresa se sobrepôs (não de pobretanas) e pior até porque nalguns casos a necessidade faz resvalar para a degradação social, e para a exclusão de muitos portugueses, uma vergonhosa realidade numa democracia de fundações que se queria preocupada com quem sempre ganhou pouco, e infelizmente a tal democracia passa ao lado com calma indiferença, para dar força aos inimigos dela.
E andamos nisto há anos, as queixas tornaram-se habituais e com elas se vai convivendo, numa aceitação fatal do irremediável, mas é tempo para dizer não com a sua( arma) o voto.
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