domingo, 25 de março de 2012

Batia o pai e o professor, batia a Guarda e o prior.

Tenho boas razões para detestar qualquer tipo de violência, quer da policia ou dos manifestantes, pese embora "a boa intenção destes" se levavam sacos de milho para dar ás pombas no Rossio...
Venho do tempo em que os pais e professores, mais o prior só sabiam educar as crianças com o medo dumas boas palmatoadas. Também a Guarda Republicana malhava nos adultos quando os apanhava em disturbios.Era assim a forma disciplinada que encontravam de educar os putos e os crescidos que erravam. Em Montemor-o-Velho sobretudo nas feiras quinzenais ,era ver os prevaricadores a entrar no calabouço á força de cacetada, por várias razões, alguns copos a mais, pancadariae também por se apropriarem do alheio.
Eu era ainda um adolescente e aprendia a profissão numa barbearia situada na Praça da Republica, e um dia a minha curiosidade foi mais forte; fui espreitar para dentro do calabouço...Era um espaço imundo, com uma espécie de cama e um buraco para aliviar as necessidades, se é que os pobres coitados se lembrariam disso.
Se em casa os pais exerciam a lei do mais forte, na catequese o padre João Direito mimosiava-me com chapadas evangelicas que me atiravam do banco para o chão. Na escola era o professor Teixeira, que ficou na história em Montemor pela sua brutalidade para com todos os miudos.Aquilo era um verdadeiro terror e durante muitos anos marcou dezenas de alunos,que sempre recordavam aquela angústia vivida nos bancos da escola.
Mais tarde quando vivo em Lisboa, e com o passado ás costas porque ele deixa marcas, fui ao Jornal Republica,do grande homem da liberdade Raul Rego, contar a minha revolta sobre o que ainda fazia o professor Teixeira, num pequeno e simples texto da minha autoria. Claro que o Républica era um Jornal contra o regime, que eu gostava, e chegava a Montemor pelos correios a casa dos assinantes e democrátas, que se hoje cá viessem não acreditavam nestes publicitários da democracia.
Eu sempre voltei à minha terra à minha gente com regularidade, e numa dessas visitas estando no café Mondego do Henrique Flórido, democráta e artista (pintava umas coisas) e inventô as espigas doçes. Ao meu lado sentou-se o amigo Emidio dos Santos e surgiu a conversa. Entretanto reparei numa pessoa que estava a chegar - era o professor Teixeira! Sempre com ar altivo, bem vestido,gravatinha colada ao pescoço. Foi o bom e o bonito, pois além das marcas da porrada no meu espirito, tinha também agora a força dos meus vinte e tal anos, e uma enorme vontade de lhe chamar fascista e estupido... O Emidio aflito agarrava-me o braço para não me levantar da cadeira, porque não sentia nada da minha revolta.
Por tudo isto não venham com violencias gratuitas, quer da policia quer dos manifestantes, tenham todos muito juizinho porque não há nada melhor do que sentir e passear a paz pelas ruas de uma cidade e em todo o sitio, prostestando com firmeza é certo contra as tiranias do poder,e outras, mas sem cacetadas pelo meio da confusão.

Um comentário:

  1. CARO AMIGO:
    HOJE EM DIA,NO ROSSIO, JÁ NÃO SE DÁ SACOS DE MILHO AOS POMBOS... MAS, EM CONTRA PARTIDA,É-LHES SERVIDO SACOS DE "ANTI VITAMINAS"... ISTO PARA NÃO INCOMODAREM SUA MAGESTADE D. PEDRO IV. EM TEMPOS DE AUSTERIDADE À QUE POUPAR ÁGUA!...

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