quinta-feira, 26 de junho de 2014

Difícil é arranjar bons fascistas!

Acompanhei o Leandro á sua ultima morada no cemitério de Montemor-o-Velho, sem  me ter explicado o que pretendia dizer com aquela máxima do fascismo, entre outras insinuações do trabalhador rural.
Nasceu na Carapinheira, uma das 14 freguesias de Montemor. Ainda rapaz, veio para o meu lugar do Casal Novo do Rio, trabalhando com o estatuto de moço, para todo o serviço na agricultura. Assim se fez homem e acabou por constituir família, radicando-se no lugar que foi dele e com a  rudeza da sua palavrosa autoridade.
Percebia-se que ao falarmos com o Leandro, tudo se misturava em cólera e um saber que alardeava, inútil. Manifestava-se altivo e sábio de todas as ideias mas no lugar os que falavam mais alto, tinham a ilusão de possuir a razão justa nas conversas de ocasião e o Leandro, fazia escola nesse sentido.
O Leandro tinha o vicio da bebida e logo pela manhã, na taberna do Ti João, o seu pequeno almoço, satisfazia-se com um ou dois copos de cachaça.
Não sei se alguma vez se preocupou em saber o sentido do termo ateísta, mas a verdade é que não tinha papas na língua, sobre o Santuário de Fátima, fazendo palestras destruidoras e gratuitas  sobre a Cova da Iria. Então os padres, nem o padre Américo escapava na sua desmedida opinião, mas o Leandro, foi assim mesmo,"queimou tudo á sua volta".
Foi um bate fundo nos grandes mistérios. Para o Leandro não existiam duvidas nenhumas em nada o que dizia, muito menos aceitava o contraditório nas suas despojadas conversas, um herói  ter-se-á julgado no meio de tanta expressiva  ignorância e a liberdade de a manifestar..
Mas esta dos bons fascistas, fez escola   durante muito tempo. O Leandro detestava os políticos e os partidos, se incapaz de analizar os mecanismos da democracia, vociferava alto para quem o quisesse escutar..(.Difícil é arranjar bons fascistas.)´Dizia ainda  que os fascistas eram diferentes , que deviam tomar conta do país, nunca tendo escondido a sua simpatia por Salazar.A pobre criatura que foi uma vitima daquela época, mas carregava com ele a cruel subserviencia de tudo saber e pouco compreender os  efeitos do fascismo.
Estávamos ainda distantes da nova vaga dos neoliberais neste país Se vivesse hoje o Leandro, estou certo que os citava como fascistazinhos, mas partiu sem me explicar os seus princípios e regras, destas correntes de pensamento, porque pensava curto e na esperança que surgissem os bons fascistas. Paz á sua alma

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