sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Ary dos Santos, o poeta que amava as palavras e as respeitava.

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O poeta que nasce é uma criança

parida pela água torturada

uma nave que surge uma nuvem que dança

ao mesmo tempo livre e condensada.

O poeta que nasce é a matança

da palavra demente e enjeitada

que o chicote do poema torna mansa

depois de possuída e mal amada.

Quando o poeta nasce a madrugada

aperta os versos num abraço rouco

até que a noite fique esvaziada.

E enquanto das palavras pouco a pouco

surge a forma perfeita ou agitada

no mundo morre um deus ou nasce um louco.



(...) 

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