quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Emoção tranquila do tempo que se foi e não volta.

As palavras, sempre as palavras que se vinculam com as tuas e as minhas recordações, devolvendo-nos o passado, apaziguando-nos na belíssima estrada que se usou e acabou por gastar-se, trazendo-nos as certezas de as ter vivido intensamente e agora irremediavelmente a fazer parte de todas as  memórias.
Foi neste quadro  que a fotografia do A.C. M. 1960, publicada neste cantinho dos meus desabafos, também das minhas alegrias e tristezas, protestos aos molhos, que do Algarve, me chegou um “banho “de saudade, enviado pelo Setélio Coelho, também atleta do montemorense, naquela distante época, enquanto outras vieram sempre a seguir, para chegarmos á conclusão que o tempo nos comandou e assumiu o seu total domínio nas nossas vidas na intemporalidade. Parecendo um chavão, quem sabe se o não é? Isto pelo facto de se tratar os limites do que somos em vida e o deixamos de ser repentinamente. O que rouba o tempo e a  sua fantasia a quem não foi permitido a conclusão da sua história. Sortudos são os que no tempo que passa, podem fazer o testemunho do tempo  que passou, como um dia destes o fiz com o meu velho companheiro Setélio Coelho, por meio de tantos outros iguais a nós.
Fui injusto e injustiçado nesta trágica aventura do tempo vencido, já perdido para sempre, mas apenas e só envolvido nas nossas memórias por terras de Montemor, enquanto tu Setélio, também eu e muitos outros abalámos de uma terra nossa, descobrindo outros horizontes e realizações profissionais, mas regressando sempre para escutar do alto do castelo, um sino que nos reduz e cativa, porque nunca o deixamos de o sentir, porque partiu e regressou connosco, no som das horas, das procissões e no peculiar bater de quem partiu para sempre.. Esta é a nossa identificação, que nenhuma capital europeia ou não, nos pode roubar, porque é ali que o tempo nos vai reduzir a pó, procurando tanto quanto possivel manter e valorizar o que nos anima a viver e a pensar que se justifica esta alma nossa..
Não sei meu caro amigo, onde vamos buscar a força e a vida do passado. Como podemos viver sem esse cheiro das terras lavradas, das suas gentes, trazendo-as aos nossos dias, como se fosse hoje o que foi á 54 anos, envoltos pela bandeira do A: C. M. Aqueles torneios de futebol, tão populares e apaixonantes em Montemor e pelas freguesias e com rivalidades extremas, da Carapinheira, Ereira Maiorca, que sei eu hoje do tempo a passar e a mergulhar-me no caos da irreversibilidade..
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