sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O brasileiro Alexandre triunfou na Bélgica.

Fingir a solidariedade é o mesmo que tomar banho em água suja...Não lava por fora e acaba   por sujar por dentro. Fugir  a sete pés destes atritos do ser verdadeiramente e do parecer que é, porque nada existe de mais expontãneo, do que “rebentar “ de contentamento por um gesto ou atitude de solidariedade, por alguém que se aproxima em dificuldades, seja branco, preto ou amarelo, porque a vida deveria ser um hino de boa vontade, mas é o tanas!!.
O Alexandre que viveu nas roulotes, na estrada entre a Vila de São Pedro e os Armazéns de Lavos ( lado esquerdo) entrou no meu salão-barbearia, poisou o saco de viagem e sentou-se.
Julguei que seria mais um cliente, mas ao olhar para o espelho reparei que o jovem chorava e levava  uma das mãos á sua face,
Fiquei incomodado com a situação, acabando por perguntar-lhe, o que se passa?
Tenho vivido nas roulotes, ali nos Armazens, vou a caminho da Figueira ( a pé ) para falar com  os meus conterrâneos.tenho  que regressar ao Brasil, talvez me possam ajudar, dizendo-me das suas dificuldades e que tinha a mulher e os filhos no Brasil.
Também fui cabeleireiro no Brasil, disse-me...Olha se lhe der trabalho, isto estoira, percebes? Não tenho movimento para outra cadeira, entendes?
Espera !!!: Vou  levar-te ás rouloutes e ficas lá um dia para ver o que posso fazer e corri a dar-lhe boleia e por lá ficou, até que eu procurasse na Figueira , um salão que lhe desse trabalho..
De regresso ao salão, preocupado com a situação, abordei vários contactos dos meus colegas na cidade , até que a minha colega Alice,( Rua Dr Luis Carriço), respondeu-me. Olha Olímpio, manda cá o brasileiro para uma experiência no meu salão...Sim, sim , obrigada.colega Alice
Corri de novo ás rouloutes e dei lhe  a direção do salão.. Amanhã vais  falar com a Alice e podes ter sorte e ficares a trabalhar, como para alegria nossa aconteceu e por muito tempo..
Foi cabeleireiro, mais tarde trabalhou numa oficina em Lavos e consegiu legalizar-se, via-o de vez em ´quando,sobretudo quando visitava o meu salão como cliente.
Acabou por desaparecer e já lá vão uns anos.Acabei por esquecer completamente o  emigrante do destino, porque a vida rolou em mim fazendo a poeira do tempo, inevitavelmente.
Um dia destes entrou no meu salão, eufórico, mostrando-me as  imagens da empresa  de construção na Bélgica, já com a companhia da mulher e dos filhos,idos do Brasil dizendo -me que partia para Bélgica no dia seguinte, mas estava ali para me agradecer o apoio que eu lhe tinha dado.Sinceramente, tive que recorrer á minha mulher para me recordar  o que se tinha passado com o Alexandre, o brasileiro., pois tudo se tinha evaporado da minha memória, tal é o vulcão dos meus dias, vivendo-os intensamente e sempre com objectivos diferentes. Ao colocar uma das mãos no meu ombro, ofereceu-me  a sua casa na Bélgica, para mim e para a minha familia, dizendo-me que nunca tinha esquecido aquele bocado mau da sua vida, o trabalho no salão da Alice,a oficina em Lavos, agora feliz com a mulher e os filhos , na Bélgica..
Mas achas que tive assim tanta influência na tua vida, perguntei~lhe? Sim, sim, já com os olhos humedecidos e eu também a “rebentar de satisfação””,pelo seu triunfo na vida, justificado em momentos de gratidão mutua.

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